Quão frequentes são os defeitos genéticos em suínos? (1/5)

Os defeitos genéticos incluem várias desordens graves, controladas por um ou vários genes (poligênicos) e/ou que incluem fatores não genéticos ou ambientais. Também há desordens que aparecem sem suficientes evidências para concluir quais genes estão implicados. Podem encontrar-se imagens da maioria dos defeitos em “A colour atlas of diseases and disorders of the pig” de Smith, Taylor e Penny (1990).

Qual é a incidência destes defeitos genéticos? Há muitos artigos na literatura, mas a maioria refere-se a um número pequeno de indivíduos e/ou não definem genótipos ou ambientes. A seguir há um resumo de quatro artigos distintos com “bons” dados:

Baseando-nos nestes dados, o splayleg parece ser o defeito mais comum dos que têm consequências econômicas.

Leitão com splayleg

Note-se que alguns defeitos são raros, incluindo leitões siameses, palato fundido e defeitos de mandíbula.

Leitões siameses

Na tabela seguinte pode-se observar a significativa variação entre populações das percentagens estimadas para defeitos concretos. Contudo, nestes estudos mostra-se que valores entre 2,5-5,0 % podem considerar-se “normais”. Um fator que comporta diferenças entre populações é a eleição do genótipo. Por exemplo Done et al reportaram que a incidência nas leitegadas de fêmeas Large White x Landrace dependem da raça do macho:

Outro exemplo de diferenças raciais é a incidência de melanomas, que é significativamente mais alta em Duroc e em certas raças miniatura desenvolvidas para estudos médicos.

Melanoma

Os estudos citados refletem a genética e o manejo de cerca de 20 anos atrás, então, recentemente, uma pesquisa de núcleo/multiplicador confidencial de uma grande empresa de genética materna (Large White e Landrace), com quatro anos de duração terminou em março de 2010. No total, 175.843 leitões de raça pura ou F1 foram examinados, avaliados por técnicos treinados que avaliaram cada leitão nascido durante as primeiras 12 horas de vida para estabelecer a incidência de defeitos congênitos (vistos ao nascimento):

Fizeram-se revisões adicionais aos 45 kg ± 5 Kg e aos 95 kg ± 9 kg para estimar a incidência dos defeitos que apareceram posteriormente:

Note-se que mais da metade dos defeitos totais se identificaram na fase de crescimento e engorda, por isso os defeitos congênitos são só uma pequena parte do total de defeitos observados numa população.

É frequente que as granjas tenham “surtos” onde a incidência seja superior aos valores citados, especialmente em períodos curtos. Isto é especialmente certo nas hérnias e no criptorquidismo onde são frequentes incidências de 5,0%. Estes defeitos, junto com as consequências econômicas e o seu controle serão abordados em próximos artigos.