O que realmente preocupa o consumidor
Antes de falar, precisamos ativar a escuta ativa. Como destaca o relatório da Interporc (2024), os consumidores demonstram preocupações em relação à sustentabilidade, bem-estar animal, uso de antibióticos, valor nutricional da carne e ética na produção.
A chave está em responder com fatos, sem negar as emoções do outro. Como sempre digo: “mostrar a realidade do setor não é apenas exibir uma granja, é traduzir o que fazemos para a linguagem de quem está do outro lado”.

Como construir mensagens eficazes: 3 ingredientes chave
1. Informação + emoção
O consumidor não compra dados nem empresas — compra histórias e pessoas. Por isso, a comunicação mais eficaz não é a que apresenta gráficos, e sim a que combina informação com emoção.
- Exemplo prático: um Reels no Instagram que mostra como um produtor ou uma produtora cuida das matrizes durante o parto pode ter mais impacto do que uma infografia sobre biosseguridade.
2. Transparência
A transparência é hoje um valor diferencial. Não se trata de parecer perfeitos, e sim de ser coerentes, explicar nossos processos e admitir que também estamos em constante evolução.
- Exemplo prático: mostrar uma mudança no manejo da granja (como uma melhoria em biosseguridade) para reduzir o uso de antibióticos pode gerar mais confiança do que negar seu uso no passado.
3. Protagonismo humano
As pessoas se conectam com pessoas. Mostrar os rostos dos profissionais do setor (veterinários, produtores, transportadores etc.) falando sobre sua vocação e compartilhando seu dia a dia é uma das estratégias mais eficazes.
Plataformas e formatos que realmente funcionan em 2025
Segundo IAB Spain (2025) e Metricool (2025a), as tendências de 2025 nas redes sociais se centram em:
- Vídeos curtos e reais (Reels, TikTok, Shorts): naturais, pouco editados.
- Carrosséis educativos (no Instagram e LinkedIn): ideais para reputação e dados, já que permitem estruturar a informação de forma progressiva, o que favorece a retenção e o aprendizado. Além disso, os conteúdos que educam e agregam valor real estão entre os mais valorizados pelo usuário digital atual, que busca autenticidade e utilidade no que consome.
- Stories para fidelização e conexão emocional: sua natureza efêmera permite mostrar conteúdo mais informal, direto e emocional. Consolidam-se como um espaço onde a comunidade pode sentir que há uma pessoa real por trás, não apenas uma marca. Isso é especialmente valioso em setores como o de suínos, onde o consumidor precisa colocar rosto e voz no que acontece por trás do produto final.
- Microinfluenciadores e embaixadores internos: autênticos e confiáveis. Nessa linha, as estratégias de conteúdo que melhor funcionam ao trabalhar com esses perfis são:
- Conteúdo gerado por usuários (User Generated Content, UGC): com 82% de efetividade percebida, é o tipo de conteúdo mais confiável, pois mostra experiências reais de consumidores.
- Conteúdo gerado por colaboradores (Employee Generated Content, EGC): alcança 76% de eficácia.
- Creator Economy (criadores externos, onde entram os microinfluenciadores): alcançam 70% de efetividade, graças à autenticidade percebida e à capacidade de conectar com audiências de nicho.
Portanto, é interessante que as empresas do setor suinícola incentivem seus colaboradores e os produtores a participarem de suas redes sociais com conteúdo pessoal, sempre relacionado ao setor e, se possível, à empresa.
No caso do LinkedIn, esta tabela mostra o nível médio de interação (engajamento) que os diferentes formatos de publicação geram Metricool (2025b):
Formato | Engajamento médio |
---|---|
Carrosseis (PDF) | 5,7 % |
Enquetes | 4,1 % |
Texto + Imagem | 3,2 % |
Vídeos | 2,9 % |
Esse tipo de dado é muito útil para definir quais conteúdos priorizar ao comunicar a partir do setor suinícola em plataformas profissionais como o LinkedIn. Utilizar carrosséis para explicar processos técnicos ou quebrar mitos é uma excelente estratégia.
O erro de apenas se defender
Como explica o livro Expert Secrets, você não vende um produto, você vende um movimento. Precisamos criar conteúdo a partir da visão de uma causa futura: uma produção suinícola sustentável, ética e conectada com as pessoas.
Não podemos cair na armadilha da comunicação reativa, aquela que nos leva a responder a cada ataque. Isso nos coloca sempre na defensiva (e, pior, em uma posição de desvantagem, já que não somos nós que conduzimos a conversa: tema, enfoque, tom etc.).
- Exemplo prático: em vez de responder a um post contrário ao setor com dados frios, use o tema abordado como inspiração para criar conteúdos que mostrem a realidade do setor, e compartilhe-os de forma proativa. Já falamos sobre as principais preocupações dos consumidores, então devemos usá-las como pauta para falar, mesmo que ninguém nos pergunte. A longo prazo, é a comunicação proativa que constrói reputação, porque ela contribui genuinamente para melhorar a imagem do setor perante a sociedade.
Conclusão: comunicar não é se defender, é liderar
O setor suinícola tem uma grande história para contar. Mas não basta dizer que somos sustentáveis, é preciso demonstrar isso com transparência, emoção e humanidade.

O desafio não é apenas de reputação, é uma oportunidade de liderar por meio da comunicação. Hoje, pessoas e empresas que dão o passo e se lançam para contar sua história com coerência, constância e conexão são as que geram um impacto real e duradouro.