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Reportagem: Yangxiang, uma granja de 9 andares

333 visita a espetacular granja de 28.000 matrizes alojadas em edifícios de 9 andares, por Javier Lorente, na China

Estamos na China, na região de Guigang no estado de Guangxi. Aqui, no distrito de Gangnan está situada a empresa Yangxiang e a granja Guifei Mountain Sow Farm.

Biossegurança

O primeiro ponto que se destaca nesta granja é a biossegurança na entrada. Se pensarmos que estamos falando de uma granja com 28.000 matrizes e sua futura reposição está em apenas 4 pavilhões, não é de se surpreender. Antes de entrar na granja, tem que passar, primeiro, três noites na sede da empresa. Existem apartamentos preparados para visitantes e funcionários e os seus movimentos são controlados permanentemente (foto 1).

Foto 1: Edificios de apartamentos na sede central da empresa
Foto 1: Edificios de apartamentos na sede central da empresa

Após esse período, somos transferidos, com roupas da empresa e veículos internos (limpos e desinfectados termicamente) para a área montanhosa onde a granja está localizada. Quando chegamos à estrada que nos leva à granja, e pela qual somente os veículos de acesso passam, paramos por cerca de 30 minutos para uma nova limpeza com água fria e sabão e subsequente desinfecção. Veículos e motoristas são 100% geridos pela empresa.

Aproximadamente 1 kilômetro depois paramos outra vez para uma segunda limpeza e desinfecção do veículo, desta vez mais curta. É realizada sem sabão, e dura aproximadamente 10 minutos.

Continuamos a subir até chegar a uma grande porta de entrada onde saímos do carro, lavamos as mãos, vestimos primeiro, um macacão protetor e entramos em outro carro interno que nos levaria ao nível seguinte.

A partir deste ponto apenas está permitido o acesso de caminhões para carregar animais ou levar matérias-primas para a fábrica de ração. Mas antes de chegar à zona de carga ou descarga, há um novo centro de lavagem e termo-desinfecção pelo qual passam todos estes caminhões. A partir daqui estende-se uma completa cerca de rede que rodeia totalmente a zona na qual estão situados os animais.

Foto 2: Centro de lavagem situado no acesso.
Foto 2: Centro de lavagem situado no acesso.

Uma vez carregados com animais, os veículos nunca retornam por essa mesma estrada, usando uma rota de saída específica.

Foto 3: Caminho de acesso e de saída da zona onde estão os animais.
Foto 3: Caminho de acesso e de saída da zona onde estão os animais.

No momento da visita, estava em construção cais de matéria-prima para que esses caminhões não entrassem no próximo nível.

Uma vez nesse ponto, todas as pessoas que forem ao interior da granja terão que passar por uma nova quarentena por 2 noites e, é claro, passar por uma área completa de duchas e sistema de desinfecção.

Qualquer material que precise entrar na zona interna passa por um processo de limpeza, desinfecção e quarentena antes de poder ser usado.

Nesta figura, podemos ver os diferentes níveis de segurança (cores) e os movimentos a serem feitos entre eles.

Foto 4: Níveis de segurança
Foto 4: Níveis de segurança

Descrição da granja

O complexo de andares "multifloor farm" é muito grande e está em contínuo crescimento. Vamos concentrar-nos no principal núcleo de produção atual e do qual podemos criar uma imagem geral.

Cada um dos edifícios foi projetado para funcionar de forma totalmente independente. Os dois primeiros que foram construídos têm 7 andares cada. Destes, 6 são projetados para abrigar 1.086 fêmeas por andar e o restante funciona como uma transição e criação de futura auto-reposição. O restante dos leitões saem da granja ao desmame. Os últimos dois edifícios construídos são de 9 andares, destinando 7 a 1.086 fêmeas por andar e dois para futuras reprodutoras.

Se fizermos um cálculo rápido, estamos falando de dois edifícios com capacidade para 6.500 fêmeas cada e dois outros com capacidade para 7.600 cada. Um total de 28.000 fêmeas em produção, com uma produção total estimada de 13.575 leitões por semana.

O CEO da unidade de negócios, Mr. Liu, conta-nos que para cada piso há 5 colaboradores exclusivos, pelo que os edificios de 7 pisos têm um total de 35 colaboradores e os de 9 pisos, 45. Todos os colaboradores do complexo permanecem no seu interior durante 3 meses seguidos após terem passado pelos processos de quarentena e trabalham 6 dias por semana, descansando um. Desta forma, o número de movimentos de entrada e saída de pessoas está reduzido ao máximo.

A granja teve o seu primeiro desmame em 2 de Janeiro de 2018 e, em Maio de 2019, as primeiras leitegadas nasceram nos prédios de nove andares. Segundo seu diretor técnico, o objetivo produtivo dessa granja é produzir animais de alto valor genético e de alto status sanitário, para poder vender a um grande número de produtores e empresas.

Para alimentar todo esse complexo, foi construída a fábrica de ração, que pode produzir 4.680 toneladas por mês.

Dados produtivos

Os dados produtivos que a granja tem atualmente, nos dois edifícios de 7 andares que são os que já estão produzindo 100% (módulos 3 e 4), e os objetivos planejados a médio prazo:

Módulo 3 Módulo 4 Objetivo
% Taxa de partos 79,83 82,56 88
Leitões nascidos totais 13,49 13,63 13,5
Leitões nascidos vivos 12,68 12,66 12,5
Leitões desmamados por parto 11,52 11,08 11,8
Leitões desmamados por fêmea por ano 26,50 25,46 27,14
Peso ao desmame 7,31 7,01 7,8
Dias de lactação 25,77 25,65 28
Quilos desmamados por fêmea por ano 193,70 178,50 211,70

Manejo geral da granja

Entramos um pouco mais na gestão da granja e o Sr. Liu afirma que, atualmente, ainda não são capazes de produzir toda a reposição necessária na própria granja, pois estão crescendo, mas que o objetivo é conseguir isso o mais rápido possível para minimizar os riscos de entrada de animais de outras origens.

Toda a granja possui um sistema de controle climático muito avançado, com ar filtrado, ar condicionado e pressão negativa. Esta ventilação é feita pelo piso de cada um dos andares e a extração é feita através de chaminés que levam o ar para o topo do edifício, onde existe um sistema de lavagem do ar com água para reduzir os odores.

Foto 5: Chaminé transversal de saída de ar.
Foto 5: Chaminé transversal de saída de ar.

É importante entender que cada andar funciona como uma granja independente, ou seja, em cada andar temos gestação e maternidade para que as fêmeas não mudem de andar e o único movimento que acontece entre eles, é a entrada de futuras reprodutoras, após o desmame, para o piso de recria. Uma vez desmamados, os leitões são conduzidos a um elevador que lhes permite levá-los ao andar térreo e dali para o carregamento.

Foto 6: Elevador para movimento de animais.
Foto 6: Elevador para movimento de animais.

A alimentação na granja é feita a seco por sistema automático. O sistema de alimentação projetado, executado e implementado por uma empresa dinamarquesa é sem dúvida, outro ponto que deve ser destacado na Guifei Mountain Sow Farm. Para maximizar a biossegurança e evitar qualquer entrada de transporte no recinto, um complexo sistema de distribuição de ração foi projetado da fábrica de ração para a base de cada um dos edifícios (foto 7). A partir deste ponto, um sistema de acionamento mecânico ainda mais sofisticado eleva a alimentação, através de um sistema de corrente, para cada um dos pisos (foto 8).

Foto 7: Sistema de cadeia múltipla para distribuição de ração e elevação para os diferentes pisos. Fonte: Marcio Schmidt.
Foto 7: Sistema de cadeia múltipla para distribuição de ração e elevação para os diferentes pisos. Fonte: Marcio Schmidt.
Foto 8: Distribuição de ração a partir da base para cada um dos pisos
Foto 8: Distribuição de ração a partir da base para cada um dos pisos

Todos os módulos já trabalham com gestações em grupo, com inseminação em cela e transferência para os grupos às 5 semanas. Ainda há celas nos dois primeiros edifícios, com alimentação uma vez por dia e estão evoluindo para sistemas de alimentação eletrônica com chip, que já é realidade nos últimos dois blocos de 9 andares. As fêmeas são alimentadas três vezes na maternidade, para melhorar o consumo de ração.

O controle térmico dos leitões é realizado através de mantas térmicas, sem escamoteador e, até ao momento, ainda estão a ser cortados os rabos em todos os leitões, mas a empresa quer parar de fazê-lo no futuro, embora sem data definida.

Outro ponto que, sem dúvida, atrai muita atenção é o manejo dos animais mortos. Para este ponto, foi desenvolvido um sistema de saneamento que permite a evacuação de animais mortos por meio de calhas que terminam no andar térreo, onde as carcaças são introduzidas num sistema de incineração em cada um dos edifícios.

Foto 9: Sistema de saneamento para as mortes.
Foto 9: Sistema de saneamento para as mortes.

Tivemos a oportunidade de nos encontrar com o proprietário da empresa e conversar em profundidade sobre sua origem e evolução. Vamos abordar esse assunto numa próxima edição.

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