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Sistemas para alimentar fêmeas na maternidade (I)

Como conseguir que o consumo médio na lactação seja de cerca de 6 kg, que é o que necessitam as fêmeas modernas de alta produtividade?

A alimentação da fêmea na maternidade é um dos aspectos que têm mais influência em todo o ciclo produtivo das matrizes e na produtividade da granja.

A alimentação na maternidade tem ligação direta com a produção de leite e, portanto, a viabilidade e o peso ao desmame dos leitões; também há relação com a fertilidade e a prolificidade no ciclo seguinte e, em certos casos, com a longevidade da fêmea, pois afeta as suas reservas corporais.

A produção de leite aumenta progressivamente, atingindo o pico de produção por volta das 2 semanas de lactação.

É comumente discutido que a alimentação deve seguir uma curva de aumento progressivo após o parto, chegando ao máximo a partir da segunda semana de lactação.

Hoje em dia, em fêmeas de alta produção, é necessário obter máximos de ingestão próximos aos 10 kg, com consumos médios na lactação de cerca de 6 kg.

Como realizar adequadamente esta alimentação nunca foi uma tarefa fácil. Encontrar o ponto de equilíbrio no que damos a máxima quantidade possível de ração à fêmea sem ser mais do que o necessário, não é simples e nem fácil. E isso se torna ainda mais difícil nas granjas modernas, com um grande número de animais e diferentes funcionários para se ocuparem da alimentação das fêmeas.

A alimentação manual

Há 15 ou 20 anos atrás, o trato era feito de forma manual. O suinocultor tratava as fêmeas à mão, observando e controlando no comedouro se a fêmea tinha terminado a refeição anterior, e a partir dai, decidia que quantidade de ração dava a cada uma.

Entre outras coisas, esta alimentação tradicional, condicionava o desenho das maternidades, já que as fêmeas deviam estar de frente para o corredor, com o comedouro acessível para alimentar com uma concha ou alguma outra ferramenta dosadora.

Em granjas pequenas ou tradicionais ainda se faz desta maneira.

Os dosadores

Pouco a pouco, foi-se impondo a distribuição de comedouro mais automatizados ou semi, e o uso de dosadores.

A alimentação com dosadores apresenta algumas vantagens como:

  • Evita o trabalho manual de distribuir a ração.
  • Permite decidir a quantidade de ração que come cada fêmea em um momento diferente do da administração de ração.
  • Facilita a distribuição de ração por diferentes funcionários.

Como contrapartida, exige manipular diariamente uma grande parte dos dosadores para aumentar a ração (figura 1).

Figura 1: O mais conveniente é definir uma curva de alimentação e que, diariamente, se ajustem os doseadores em função de se a porca comeu ou não.
Figura 1: O mais conveniente é definir uma curva de alimentação e que, diariamente, se ajustem os doseadores em função de se a porca comeu ou não.

Com o uso de dosadores, ainda se depende do critério do funcionário da maternidade para decidir se uma fêmea deve comer mais ou não (figura 2).

Figura 2: Pelo menos 1 vez por dia os comedouros das fêmeas devem ser verificados e, segundo o que observamos, decidir se essa fêmea deve comer mais ou não. Fonte: Pig Research Center
Figura 2: Pelo menos 1 vez por dia os comedouros das fêmeas devem ser verificados e, segundo o que observamos, decidir se essa fêmea deve comer mais ou não. Fonte: Pig Research Center

O Pig Research Center da Dinamarca definiu uma regra de ouro: “em uma maternidade deveria limpar-se os restos de ração de aproximadamente 8% das fêmeas; se não se chega a esses 8% estamos dando pouca ração, e muitas fêmeas não estão chegando ao seu máximo de consumo, se passamos dos 8% estamos alimentando em excesso, perdendo tempo e dinheiro”.

Com os dosadores, tal como com qualquer sistema que doseia por volume, devemos pesar frequentemente a ração para nos assegurarmos que damos os quilos esperados, já que o peso específico da ração é variável, especialmente as rações farelada.

A alimentação ad libitum

Como já se comentou, um dos grandes desafios da produção suína foi conseguir que a fêmea na maternidade coma tanto quanto deve. Para evitar que o “olho humano” seja um limitante desta ingestão, foram se desenvolvendo sistemas que procuravam alimentar as fêmeas à vontade, sem depender de que o tratador aumente ou não a quantidade de ração.

Por isso, há anos, desenvolveram-se sistemas onde as fêmeas comiam em comedouros similares às que se usam nas engordas.

Ainda que muitos destes sistemas se baseavam no enchimento manual ou diretamente a partir do sistema de distribuição de ração, estes sistemas funcionavam melhor quando se associavam a um dosador (ver foto 3).

Figura 3: Com um doseador pode-se regular de forma mais fácil a ração no pré e no pós-parto, permitindo a alimentação à descrição mais tarde.
Figura 3: Com um doseador pode-se regular de forma mais fácil a ração no pré e no pós-parto, permitindo a alimentação à descrição mais tarde.

O principal problema destes comedouros era o desperdício de ração, pois era complicado conseguir limitar a quantidade de ração que as fêmeas faziam cair, elas comendo ou não.

Se era um comedouro com água, aumentava ainda mais o desperdício de ração. Se a água estava totalmente à parte, limitava-se o consumo e não ingeriam quantidades adequadas de água.

Ainda que não seja o objetivo deste artigo falar sobre o consumo de água, não podemos esquecer que qualquer sistema de alimentação fracassará se não estiver conectado a algum sistema de fornecimento de água. Para garantir assim, um consumo adequado de água (visto que o animal consome até 40 litros de água na maternidade).

Nos últimos anos desenvolveram-se sistemas como a alimentação ad libitum com mecanismos tipo bola ou, ultimamente, os sistemas com dosificação eletrônica, que serão discutidos no próximo artigo.

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