Utlização da fibra dietética e de aditivo estimbiótico na alimentação de fêmeas suínas em gestação

01-Jul-2025
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Autores: Alexandre Barbosa de Brito, Ingrid Martinez, Miliane Alves da Costa - AB Vista LATAM

O ciclo de vida de fêmeas suínas pode ser altamente demandante, devido aos atuais estândares de produção relacionado ao ganho de peso de leitegada, o que pode afetar sua saúde e desempenho produtivo. A adoção de matrizes hiperprolíficas para aumentar o número de animais nascidos vivos e por consequência o número de animais produzidos por fêmea/ano, tornou-se um padrão da indústria moderna. Mas isso levou à efeitos colaterais tais como: constipação, taxa de descartes, maior tempo de maturação de órgãos reprodutivos e maior variação de peso de leitões nascidos vivos (Jo & Kim, 2023).

Desta forma, nutricionistas atualmente estão investigando estratégias e uso de aditivos dietéticos para mitigar estes efeitos, além de reduzir e o uso de antibióticos. Entre estas estratégias, compreende-se o melhor uso do conceito de Fibra Dietética (FD) na alimentação destes animais. Entende-se de FD a somatória de valores de Polissacarídeos Não Amiláceos + Lignina, estes compostos estão naturalmente presente em ingredientes vegetais, além de participarem da composição de alguns aditivos nutricionais. De igual maneira, comentamos anteriormente sobre o “melhor uso” destes compostos no alimento, pois temos atualmente ferramentas à nível análises NIR que pode evidenciar a real quantidade destes açúcares de fibra de forma confiável, otimizando o conhecimento e gerando oportunidades de incremento de fermentação deste conteúdo com o uso de estratégias e aditivos especializados em interatuar com os diversos tipos de açúcares.

Em revisões contendo Metanálises de artigos já publicados (Reese et al., 2008), demonstraram que os efeitos da FD no desempenho reprodutivo de fêmeas suínas dependem de qual tipo de fibra estamos trabalhando, sendo que estratégias envolvendo o aumento de frações de Fibra Detergente Neutra (FDN) demonstraram uma interação significativa (P<0,05) entre estas frações fibras e o tamanho e viabilidade da leitegada nascida. Trabalhando nesta relação entre estes conceitos de FDN e FD, sabe-se que a FDN representa algo como 60% do conteúdo de FD, diferenciando-se da Fibra Detergente Ácida (FDA) pela determinação de um conteúdo importante de hemicelulose (fração da fibra que normalmente não se encontra presente na análise de FDA), representada em especial pelos açúcares Arabinose e Xilose em cereais (Choct, 2015).

Um exemplo deste potencial, pode ser observado em um estudo realizado pela equipe de investigadores da AB Vista e Pipestone US (Wilcock et al., 2023) avaliando o efeito do aumento da fibra alimentar (usando-se Polpa de Berraba – SBP e Casca de Soja - CS) além da adição de um aditivo estimbiótico (Signis; AB Vista), capaz de incrementar ainda mais a fermentabilidade destas frações de fibra naturalmente presente, em alimentos de fêmeas suínas em gestação com relação à produtividade destas matrizes em situação de desafio ou não de PRRS. A hipótese desta associação de fontes de fibra + aditivo estimbiótico é que ambas as estratégias podem gerar um incremento nos aspectos de modulação de uma comunidade saudável do animal, além de reduzir custos de alimentos com redução de gastos de medicação e eliminação da necessidade de adição de outros aditivos relacionados ao incremento de um microbioma saudável (ex.: probióticos, prebióticos, etc…).

Para isso, utilizou-se um grupo de animais em gestação de duas linhagens comerciais (distribuídas de forma idêntica entre os tratamentos, n 2173 animais). As dietas utilizadas para a alimentação destes animais foram formuladas com milho moído, farelo de soja, CS (LSDF) e com SBP (HSDF) + 100g/t do aditivo estimbiótico. Os animais foram alimentados com o volume de 2,0 kg por dia, fornecendo os seguintes níveis de ingestão de fibras/dia, HSDF: FD Total DF 266g, FD solúvel 55g, FD insolúvel 211g; e LSDF: FD Total DF 240g, FD solúvel 40g, FD insolúvel 240g.

As seguintes variáveis foram medidas: total de nascidos, nascidos vivos, natimortos, mumificados, mortalidade pré-desmame, número de leitões desmamados, taxa de prolapso e mortalidade/descarte das matrizes. Uma proporção de matrizes (n = 81) foi transferida para um sistema GESTAL na lactação, onde a ingestão de alimentos foi registrada. Durante o estudo, a granja tornou-se positiva para PRRS e todas as matrizes que pariram enquanto a granja estava positiva foram identificadas como animais positivos e incluídos como um fator no estudo estatístico. Os dados foram analisados com ANOVA avaliando os efeitos da fibra, paridade e positividade ao PRRS usando a plataforma de modelo de ajuste no JMP16. As médias significativas dos tratamentos foram separadas usando os testes t de Student, com significância aceita em P ≤ 0,05. Os resultados mostraram que para nascidos vivos houve uma interação entre tratamento e paridade (P = 0,02) e tratamento e PRRS (P < 0,05). Matrizes primíparas, da dieta HSDF, tiveram uma elevação no número de animais nascidos vivos (+1,30 leitões; P = 0,03) e secundíparas (+0,71 leitões; P = 0,08) sem efeito na paridade 3+. HSDF melhorou nascidos vivos em fêmeas não PRRS (+1,01 leitões; P < 0,01) e não teve efeito em fêmeas positivas para PRRS. Houve uma tendência do programa HSDF reduzir natimortos (8,8% v 7,4%; P = 0,09), mas não teve efeito em leitões mumificados. Houve uma tendência de aumento em leitões desmamados com o tratamento HSDF (9,15 v 8,86; P = 0,07) sem efeito na mortalidade/descarte de matrizes. Não houve efeito do tratamento HSDF em prolapsos. Na subamostra de matrizes registradas em lactação (sistema GESTAL), as fêmeas sencundíparas que consumiram a dieta HSDF na gestação demostraram um aumento no consumo diário de alimento (5,36 kg v 6,02 kg; P = 0,01) em comparação com o LSDF. Pode-se concluir que a produtividade das matrizes pode ser melhorada com o aumentando a capacidade fermentativa da ração de gestação por meio da combinação do aditivo estimbiótico e frações de FD (solúvel e insolúvel).

Se necessitam de mais detalhes sobre os dados descritos anteriormente, por favor, entrem em contato com um representante de AB Vista, estaremos sempre a sua disposição.

 

Bibliografia Citada:

Choct M. Fiber-Chemistry and functions in poultry nutrition. LII Simposio Cientifico de Avicultura, Málaga 28, 113-119; 2015.

Jo H, Kim BG. Effects of dietary fiber in gestating sow diets – a review. Seoul, Korea:Konkuk University; 2023.

Reese D, Prosch A, Travnicek DA, Eskridge KM. Dietary fiber in sow gestation diets – an updated review. Lincoln, NE:University of Nebraska; 2008.

Wilcock P, Berg KM, Cordero G, Russo A. The effect of increasing dietary fiber and addition of a stimbiotic in gestation on sow productivity in a PRRS and non PRRS challenge. JAS, 101 (Supplement 2), 290-291; 2023.

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