Estratégias nutricionais para melhorar a eficácia da vacina contra a Peste Suína Africana

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Plasma spray dried apoia a saúde e o estado imunológico dos suínos e pode ser usado na ração como uma intervenção nutricional contra a transmissão e a propagação da infecção da PSA

JOE CRENSHAW, JAVIER POLO, JOY CAMPBELL, YANBIN SHEN e LUIS RANGEL* relatam experimentos que avaliam os possíveis benefícios para a saúde do plasma spray dried em dietas de suínos infectados com o vírus da Peste Suína Africana (PSA) e também a proteção proporcionada por um protótipo de vacina contra o vírus da PSA.

O vírus da Peste Suína Africana (PSA) pode causar alta mortalidade em suínos e afeta o mercado global de carne suína, com graves consequências econômicas para os produtores, indústrias e comunidades envolvidas na suinocultura. Os produtores de suínos em regiões endêmicas afetadas pela PSA continuam em busca de estratégias para proteger os animais da contaminação ou ter uma recorrência de PSA. Os esforços tradicionais para criar imunidade contra a PSA não tiveram sucesso. A falta de vacinas oficialmente autorizadas complica o controle da PSA. No entanto, vários protótipos de vacinas estão em desenvolvimento, mas apenas uma vacina contra a PSA foi oficialmente aprovada e registrada para uso no Vietnã.

Medidas nutricionais contra a transmissão e propagação da infecção do vírus da PSA

Há alguma estratégia nutricional que possa ajudar a desenvolver a imunidade e apoiar a eficácia da vacinação contra a PSA? Foi demonstrado que o plasma spray dried na dieta protege a integridade da mucosa e promove uma resposta imunológica ideal, incluindo células Th-1 e CD8 citotóxicas. Os resultados de dois novos artigos complementares publicados na revista científica Vaccines, sugerem que dietas com plasma spray dried (SDPP) alteram positivamente a resposta imune de suínos vacinados e não vacinados (contra PSA) expostos ao contato com suínos intencionalmente infectados com a cepa pandêmica do vírus da PSA Geórgia 2007/01. Esses estudos foram realizados em instalações de nível 3 de biosseguridade no Centre de Recerca en Sanitat Animal (CReSA), Barcelona, Espanha.

Figura 1: Carga viral de PSA em tecidos de suínos não vacinados alimentados com dietas com ou sem SDPP.

Adaptado de Belázquez et al., 2023 # p<0,10; * p<0.05; **p<0,01. SDPP= plasma suíno spray dried.

Experimento 1: Benefícios para a saúde

O estudo inicial foi realizado com suínos não vacinados para avaliar se havia algum benefício à saúde associado à alimentação com SDPP para suínos expostos pelo contato com suínos intencionalmente infectados com PSA. Os suínos não vacinados, localizados em baias separadas, foram alimentados com uma dieta com 8% de SDPP ou com uma dieta sem SDPP durante todo o estudo. Após um período de adaptação, os suínos infectados com PSA foram colocados em contato com ambos os grupos de suínos não vacinados por quatro dias e depois retirados. Surpreendentemente, nenhum dos grupos de suínos não vacinados desenvolveu febre ou possuía vírus no sangue após 18 dias de observação. Portanto, o estudo foi estendido e outro grupo de suínos infectados com PSA foi colocado em contato com os suínos não vacinados. Dessa vez, ambos os grupos de suínos não vacinados acabaram sendo infectados, mas o grupo de suínos alimentados com a dieta SDPP apresentou menor carga viral nos tecidos (Figura 1), com desenvolvimento mais tardio de febre (Figura 2) durante os 12 dias de observação após a segunda exposição.

Outra observação interessante foi que, nove dias após a primeira exposição aos suínos infectados com PSA, os suínos não vacinados alimentados com a dieta SDPP apresentaram um número maior de células secretoras de IFN-γ específicas para PSA em seu sangue, o que pode ter contribuído para o atraso da infecção por PSA e da febre nesse grupo de animais. A estimulação dessas células secretoras de IFN-γ específicas para o vírus da PSA é uma resposta desejada para aumentar a eficácia de proteção de uma vacina contra a PSA.

Figura 2: Temperaturas retais médias ao longo do tempo de suínos não vacinados alimentados com dietas com ou sem SDPP após o segundo período de exposição.

Adaptado de Blázquez et al., 2023. # p<0,10; *p<0,05; **p<0,01. SDPP = plasma suíno spray dried.

Experimento 2 - Eficácia da vacina

No experimento seguinte, foram avaliados os efeitos da alimentação com SDPP sobre a eficácia da proteção do protótipo da vacina contra o vírus da PSA BA71∆CD2. Esse protótipo é uma vacina viva atenuada desenvolvida por meio de esforços colaborativos de um grupo multidisciplinar global e oferece proteção contra cepas do vírus da PSA homólogas e heterólogas. O vírus vivo pode ser cultivado em linhas de células estáveis para facilitar a produção em larga escala da vacina. Para esse estudo, dois grupos de suínos foram incluídos em dietas com ou sem 8% de SDPP, depois inoculados com a vacina por via intranasal e, três semanas depois, mantidos em contato direto com suínos infectados com a cepa pandêmica da Geórgia 2007/01. Durante o período de exposição de 20 dias, os suínos vacinados alimentados com a dieta com SDPP apresentaram ausência de febre, enquanto alguns dos suínos vacinados alimentados com a dieta de controle começaram a apresentar aumento de temperatura nos últimos quatro dias do estudo (Figura 3).

Figura 3: Temperatura retal média de suínos vacinados e suínos não vacinados infectados com o vírus da PSA alimentados com dietas com ou sem SDPP.

Adaptado de Pujols et al., 2023.

Além disso, o genoma do vírus da PSA estava ausente no sangue e nos swabs fecais dos suínos alimentados com a dieta SDPP durante o período de exposição, mas a maioria dos suínos vacinados alimentados com a dieta de controle mostrou a presença do genoma do vírus no sangue e nos swabs fecais. Além disso, o vírus da PSA não foi detectado em nenhuma amostra de tecido de órgãos de suínos alimentados com a dieta SDPP 20 dias após a exposição, por outro lado, os suínos alimentados com a dieta controle, apresentaram alguma infecção tecidual (Figura 4).

Figura 4: Porcentagem de suínos vacinados alimentados com dietas com ou sem SDPP que apresentaram PCR positivo para o genoma de PSA em vários tecidos.

Adaptado de Pujols et al., 2023.

Nos suínos alimentados com a dieta contendo SDPP, havia mais células específicas secretoras de IFN-γ no sangue em resposta à vacina e às cepas pandêmicas do vírus da PSA no nono dia após a exposição (Figura 5). Os efeitos imunomoduladores do SDPP na dieta ficaram evidentes nos perfis de citocinas séricas antes da vacinação e em vários dias após a vacinação ou após a exposição. Coletivamente, essas alterações nas citocinas séricas provocadas pelo SDPP na dieta sugerem um aprimoramento da resposta celular específica ao vírus da PSA induzida pela vacina. São necessárias mais pesquisas sobre a imunidade da mucosa e suas interconexões com as respostas imunes sistêmicas para uma melhor caracterização dos mecanismos afetados pelo SDPP na dieta.

Figura 5: Número de células secretoras de IFN-γ específicas para o vírus da PSA no sangue de suínos vacinados alimentados com dietas com ou sem SDPP aos 9 dias pós-exposição para vírus da cepa pandêmica (Georgia 2007/01) e da cepa modificada pela vacina (BA71∆CD2).

Adaptado de Pujols et al., 2023.

CONCLUSÃO

O fornecimento de dietas contendo SDPP aumentou a eficácia do protótipo da vacina contra o vírus da PSA (BA71∆CD2) e oferece uma nova estratégia nutricional para melhorar o status de saúde dos suínos desafiados pela PSA e, possivelmente, também para outras doenças.

*Dr. Joe Crenshaw (joe.crenshaw@apcproteins.com), VP de Serviços Técnicos, Dra. Joy Campbell, Diretora Sênior de Pesquisa e Desenvolvimento, Dr. Javier Polo, VP de Pesquisa e Desenvolvimento, Yanbin Shen, Diretor Global de Serviços Técnicos e, Luis Rangel, Diretor de Serviços Técnicos - América Latina, todos da APC.

 

Referências:

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