Posbióticos na suinocultura: Modulação da microbiota materna e seus reflexos na saúde e desempenho do plantel

15-Out-2025
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A microbiota intestinal das matrizes suínas é um componente-chave na fisiologia reprodutiva, sendo fundamental, na qualidade de resultados na fase de lactação. Nos últimos anos, a ciência tem avançado na compreensão de como essa microbiota pode ser modulada para promover benefícios sistêmicos, especialmente por meio da utilização de posbióticos: compostos bioativos derivados da fermentação microbiana, que atuam diretamente na comunicação entre o intestino e outros diversos sistemas do organismo.

Ao contrário dos prebióticos e probióticos, que dependem da composição e viabilidade microbiana, os posbióticos oferecem estabilidade, segurança e funcionalidade comprovada, sendo capazes de influenciar positivamente o metabolismo, a imunidade e a integridade intestinal. Na suinocultura moderna, seu uso tem se mostrado promissor, especialmente em fases importantes, como gestação e lactação.

O estudo: Avaliação do XPC® Ultra em matrizes suínas

O trabalho conduzido por Petry & Lehe (2019) investigou os efeitos da inclusão do posbiótico na dieta de matrizes suínas durante a gestação e lactação. O estudo foi realizado com 48 matrizes distribuídas igualmente entre dois grupos: um controle (dieta padrão à base de milho e soja) e outro suplementado com XPC® Ultra. A suplementação foi iniciada aos 85 dias de gestação e mantida até o final da lactação.

Importante destacar que nenhuma das dietas continha antibióticos ou probióticos, permitindo avaliar exclusivamente os efeitos do posbiótico. As matrizes foram avaliadas quanto à condição corporal, desempenho reprodutivo e impacto sobre os leitões até o desmame.

Tabela 1: Condição corporal e peso das matrizes

Embora os resultados reprodutivos não tenham alcançado significância estatística, os dados numéricos sugerem uma tendência favorável ao uso do posbiótico XPC® Ultra:

Taxa de concepção: 99,5% no grupo XPC vs. 94,8% no grupo controle.

Intervalo desmame-cio: 4,21 dias no grupo XPC vs. 6,36 dias no grupo controle.

Essas diferenças, ainda que não estatisticamente significativas, são relevantes do ponto de vista produtivo e econômico. Em sistemas intensivos, a redução de dias não produtivos e o aumento da taxa de concepção podem representar ganhos substanciais em eficiência reprodutiva e retorno financeiro. De fato, observações em campo corroboram essa tendência, indicando que a modulação da microbiota materna pode favorecer a recuperação pós-parto e a retomada mais rápida da atividade reprodutiva.

Desempenho dos leitões: Reflexo direto da qualidade da lactação

A qualidade do leite produzido pela matriz é diretamente influenciada por sua saúde intestinal e estado metabólico. Os leitões de matrizes suplementadas com XPC apresentaram: maior peso ao desmame, maior ganho diário médio, menor mortalidade pré-desmame e maior número de leitões desmamados.

Tabela 2: Desempenho dos leitões

Implicações econômicas

O estudo também demonstra que o uso do posbiótico XPC® Ultra durante a gestação e lactação das matrizes suínas gera um retorno superior a 5 vezes o valor investido. Isso é calculado com base nos seguintes ganhos:

  • Mais leitões desmamados: +0,45 leitões por matriz.
  • Valor estimado por leitão desmamado: $35.
  • Ganho por matriz: 0,45 leitões × $35 = $15,75 por ciclo.

Se o custo adicional por matriz para suplementar com XPC for, por exemplo, $3, então:

  • ROI = Ganho / Custo = $15,75 / $3 = 5,25 vezes.

Esse tipo de cálculo mostra que o uso do XPC® Ultra proporciona ganhos em produtividade e eficiência de forma significativa.

Considerações Finais

A modulação da microbiota intestinal da fêmea suína por meio de posbióticos representa uma estratégia nutricional avançada com impactos que transcendem o indivíduo. Ao promover uma microbiota mais equilibrada e funcional durante a gestação e lactação, cria-se um ambiente fisiológico propício à produção de leite de melhor qualidade, à transferência mais eficiente de imunidade passiva e à redução de processos inflamatórios sistêmicos. Esses efeitos se refletem diretamente na saúde e no desempenho dos leitões, que nascem e se desenvolvem em um ambiente mais equilibrado e imunologicamente mais bem preparado. Além disso, matrizes com microbiota modulada tendem a apresentar melhor consumo de ração na fase de lactação, leitões e leitegadas mais pesadas, e imunologicamente mais robustos e resilientes, menor perda de condição corporal, menor intervalo de desmame-estro, com isso maior eficiência reprodutiva, contribuindo para uma maior longevidade no plantel. Em um contexto de produção intensiva, onde cada ciclo reprodutivo impacta a sustentabilidade e a rentabilidade da granja, investir na saúde intestinal da matriz é investir na saúde de rebanho.

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