Equilíbrio entre os benefícios econômicos e o bem-estar animal

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Melhoramento balanceado é necessário para promover o progresso genético de forma orgânica respeitando os limites dos animais, melhorando o animal como um todo.

O mercado consumidor está cada vez mais exigente quando o assunto é produção de alimento sustentável e, consequentemente, demanda mudanças no setor produtivo. Assim, o aumento de produtividade a qualquer preço, sem se preocupar com as características ligadas ao bem-estar animal já não tem mais espaço no mercado atual. Visando atender a essas novas tendências de mercado, as empresas de genética devem buscar otimizar o desempenho produtivo dos suínos de forma sustentável e garantindo seu bem-estar por meio de um melhoramento genético balanceado (Figura 1).

Figura 1: Representação esquemática do melhoramento genético balanceado onde busca-se um equilíbrio favorável entre os aspectos ligados à uma produção econômica e às exigências da sociedade.

Alcançar um equilíbrio favorável entre os benefícios econômicos e o bem-estar animal é um desafio, requer cautela na definição dos objetivos de seleção e planejamento da escolha das características a serem exploradas. Nesta abordagem de melhoramento balanceado é necessário promover o progresso genético de forma orgânica respeitando os limites dos animais, melhorando o animal como um todo e não somente para uma ou outra característica. Neste processo é necessário o máximo cuidado nas escolhas das características e na definição dos pesos econômicos que serão incluídos nos índices de seleção.

Os índices de seleção utilizados pelas empresas de genética são calculados por meio da soma de todos os valores genéticos incluídos nos objetivos de seleção ponderados por seus respectivos pesos econômicos. Os índices de seleção funcionarão como o guia do melhoramento genético, ditando os rumos genéticos que cada linhagem tomará. Estes índices devem ser utilizados somente para comparação de animais de uma mesma linhagem já que eles são únicos para cada empresa e linhagem. A comparação de índices de seleção de animais de empresas diferentes ou até mesmo de animais de linhagens diferentes de uma mesma empresa não pode ser realizada.

Dentro dos índices de seleção devemos sempre incluir características clássicas como tamanho de leitegada, ganho de peso diário, eficiência alimentar, dentre outras. Mas em um programa de genética moderno e inovador, devemos também buscar a inclusão de novos fenótipos que utilizam novas tecnologias como a tomografia computadorizada que tem a capacidade de avaliar o animal por inteiro. Mas além de novas tecnologias também devemos estar atentos aos problemas enfrentados pelo mercado, como é o caso da mortalidade de fêmeas, principalmente por prolapso de órgão pélvicos, como é o caso em alguns países e em algumas linhagens específicas.

Até alguns anos atrás essa era uma característica mais visível no mercado norte americano e suas causas eram mais relacionadas à fatores ambientais.  Porém, a atenção ao fator genético também tem sido o foco das investigações científicas nos últimos anos. Estudos como Dunkelberger et al (2022) e Bhatia  et al. (2023) demostraram que o fator genético pode estar associado à ocorrência de prolapso nos plantéis suínos comerciais. Bhatia  et al. (2023) demostraram que usando dados genômicos ao invés de dados de pedigree para estimar o parentesco entre os indivíduos de uma população foi confirmado que a genética é ainda mais importante do que se pensava em relação à predisposição à prolapso, com herdabilidade de até 0,35. Esse estudo reforça, portanto, que para um progresso genético sustentável da suinocultura é necessário também incluir a seleção contra a incidência de prolapso nos objetivos de seleção.

Por meio de um programa de genética moderno e inovador, a suinocultura busca sempre realizar a seleção de animais com maior longevidade e consequentemente que apresentam uma menor incidência de problemas como o prolapso. Diante disso, faz-se necessário que o programa de genética seja balanceado, melhorando o animal como um todo e não somente para uma característica. Se antes os índices de seleção eram compostos por apenas três ou quatro características, hoje, em um programa de genética moderno, observa-se até mais de 30 características diferentes. O foco ao básico ainda precisa ser mantido, mas sem deixar de lado as inovações que garantirão o progresso genético sustentável.

A pesquisa científica voltada para a aplicação prática e orientada para o mercado, empregando tudo que há de mais moderno em genética suína deve estar no centro da estratégia genética. Apenas conhecendo a fundo os componentes que afetam características de interesse econômico e o pensamento crítico da sociedade poderemos atender às demandas futuras de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, garantir a base para uma produção lucrativa.

         

Referências :

Dunkelberger, J.R., Stevens T., Knol E. F. Heritability of sow uterine prolapse in a commercial maternal line. ASAS annual meeting abstract. 2022

Bhatia V, Stevens T, Derks MFL, Dunkelberger J, Knol EF, Ross JW and Dekkers JCM (2023), Identification of the genetic basis of sow pelvic organ prolapse. Front. Genet. 14:1154713. doi: 10.3389/fgene.2023.1154713

 

Texto elaborado por Mariana Piatto Berton, Zootecnista, Doutora em melhoramento genético animal.

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