Fatores que influenciam a produtividade de um plantel

A fertilidade das fêmeas suínas é um dos principais fatores que influenciam a produtividade de um plantel. Quanto maior a taxa de parto e o número de nascidos totais e menor as perdas reprodutivas, maior será a fertilidade do plantel. Além disso, a fertilidade tem influência direta no número de leitões desmamados e dias não produtivos, além da longevidade das fêmeas. Juntos, todos esses fatores estabelecerão a eficiência reprodutiva do sistema e identificar os pontos-chave para obter uma maior eficiência requer uma análise abrangente de fatores envolvidos em todo o processo produtivo. Devemos destacar como pontos-chave a qualidade das leitoas e matrizes, a reprodução, a saúde, o ambiente e as instalações, bem como o manejo adequado dos machos rufiões e do sêmen disponível na granja (Figura 1).

Em relação à preparação das leitoas, é fundamental considerá-las como o futuro do plantel reprodutivo da granja. A avaliação adequada deve abranger, no mínimo, três parâmetros: peso, idade e manifestação de cio. Estimular o cio, garantir o ganho de peso médio diário, a adaptação correta em gaiolas e o processo de flushing são práticas essenciais para resultados futuros e a longevidade do plantel. A condição corporal das matrizes após o desmame, especialmente para as primíparas, também é um fator crucial que afeta a taxa de ovulação subsequente. Neste sentido a utilização de fêmeas para a cobertura com condição corporal abaixo do desejado, deve ser a menor possível.

No aspecto da "reprodução", enfatizamos a importância de realizar a inseminação no momento correto, garantindo a formação dos reservatórios espermáticos e a capacitação dos espermatozoides antes da ovulação para maximizar a fertilização dos óvulos. É necessário conhecer a fisiologia reprodutiva da fêmea e observar o comportamento do animal para determinar o melhor momento da inseminação. Em geral, os melhores resultados são obtidos com duas detecções de cio diárias, com intervalos mais longos entre elas, e inseminações realizadas a cada 24 horas. A inseminação deve ocorrer imediatamente após a identificação do cio para as marrãs e até 12 horas após a identificação do cio para as multíparas. Entretanto, a inseminação não deve ser realizada quando a fêmea não apresentar mais o reflexo de tolerância ao macho, independentemente do número de doses já utilizadas para esta fêmea.

A qualidade sanitária do plantel reprodutivo é também de extrema importância, uma vez que a reprodução não está diretamente associada à manutenção da condição vital do indivíduo. Caso uma fêmea gestante esteja doente ou com lesões, existe uma alta probabilidade de ocorrerem comprometimentos reprodutivos, os quais podem estar relacionados a uma menor taxa de ovulação, perda na qualidade dos ovócitos, ocorrência de reabsorções e até mesmo abortamentos.

Os ambientes e instalações são aspectos frequentemente negligenciados, porém, têm uma influência significativa sobre a reprodução suína. Nos últimos anos, os investimentos em climatização de gestações e maternidades têm aumentado, resultando em melhorias nos resultados produtivos e reprodutivos. A busca pela melhoria contínua da qualidade estrutural das granjas, instalações e ambiente deve ser enfatizada, uma vez que exerce um impacto direto na redução das perdas reprodutivas e no aprimoramento das taxas de parto e número de leitões nascidos, o que geralmente resulta em retorno rápido do investimento realizado.

Por fim, é imprescindível ressaltar a importância dos cuidados com o sêmen disponível na granja, enfatizando a qualidade do armazenamento. A temperatura ideal de armazenamento do sêmen deve ser rigorosamente mantida dentro da faixa de 16°C a 17°C, permitindo uma variação máxima de apenas 1°C para mais ou para menos. O monitoramento constante e implementação de planos de ação para o controle preciso da temperatura são práticas fundamentais para evitar perdas, cuja dimensão muitas vezes é de difícil mensuração. Além disso, a distribuição cuidadosa das doses nas prateleiras da conservadora de sêmen e a retirada apenas das doses necessárias para a inseminação são procedimentos essenciais para otimizar a eficiência reprodutiva e evitar o desperdício de doses não utilizadas.

Os machos designados como rufiões devem manifestar comportamento característico de um animal sexualmente maduro e idade mínima de 300 dias. Garantir uma reposição anual de 50% do plantel de rufiões e respeitar uma proporção de 1 macho para cada 150 matrizes do plantel também são pontos importantes para garantir a qualidade do estimulo ao cio, evitar anestros, reduzir o intervalo desmame-cio e as perdas reprodutivas.

Em resumo, para alcançar uma máxima eficiência reprodutiva do plantel é imprescindível assegurar a qualidade da fêmea, sua saúde e bem-estar, para permitir que ela expresse seu máximo potencial genético relacionado à capacidade ovulatória. Também é necessário adotar um elevado padrão no manejo das fêmeas, machos rufiões e do sêmen, o qual está ligado à necessidade de uma equipe devidamente capacitada e preparada para executar todas as etapas de forma precisa e eficiente. Entretanto, quaisquer falhas de manejo após esses procedimentos podem ainda comprometer a gestação ou reduzir o número de leitões nascidos. Desse modo, sempre que possível, é importante manter as fêmeas em gaiolas durante os primeiros 35 dias de gestação e, em seguida, adotar um manejo em baias coletivas para evitar perdas reprodutivas, normalmente associadas ao estresse gerado pelo agrupamento. A obtenção de alta eficiência reprodutiva e lucratividade é multifatorial, mas quando bem trabalhada em conjunto o sucesso é facilmente obtido.

Texto elaborado por: Éder Batalha MV e MSc em Reprodução Animal.