Peletização: Benefícios no desempenho de leitões

07-Mai-2025
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O processo de peletização teve início no século XX, em países europeus e nos Estados Unidos, chegando ao Brasil por volta da década de 1960. Sua popularização ocorreu a partir dos anos 1990, trazendo ganhos significativos aos sistemas de produção.

Esse processo consiste em submeter a ração farelada à adição de vapor e/ou água, passando por um sistema de mistura que direciona essa massa à matriz da peletizadora. Nesse ponto, o produto oriundo do condicionador recebe força mecânica (atrito), que molda os pellets. Em função desse atrito, a temperatura da ração aumenta. Em seguida, os pellets já formados são direcionados a um sistema chamado resfriador, onde a temperatura e o nível de umidade são ajustados.

Diversos estudos têm sido realizados para medir os benefícios da peletização, mostrando que esse tipo de processamento oferece vantagens especialmente em fases críticas, como por exemplo leitões no período de creche.

Ao compararmos ração farelada e peletizada (Figura 1), podemos destacar os seguintes benefícios:

Melhor palatabilidade: A ração peletizada geralmente tem uma textura mais agradável para os leitões, estimulando o consumo, especialmente nas fases pré-iniciais, quando os animais estão se adaptando à alimentação sólida (LANCHEROS; ESPINOSA; STEIN, 2020).

Melhor fluidez: Esse benefício é evidente nas primeiras rações utilizadas na fase de creche, que contêm ingredientes lácteos e outras matérias primas com partículas de baixo diâmetro geométrico médio. Quando fornecidas como fareladas, essas rações apresentam problemas de fluxo em silos e comedouros.

Aumento da densidade nutricional: A compactação dos ingredientes durante a peletização reduz o volume da ração, permitindo que os leitões ingiram mais nutrientes por unidade de volume, promovendo maior ganho de peso.

Redução da segregação de ingredientes: Na peletização, os ingredientes são uniformemente distribuídos em cada pellet, evitando a separação de partículas menores, como vitaminas, minerais e aditivos, garantindo uma dieta balanceada em cada porção.

Melhor digestibilidade: O calor e a pressão empregados no processo de peletização quebram algumas estruturas dos ingredientes, tornando-os mais fáceis de digerir, o que resulta em melhor eficiência alimentar (FAHRENHOLZ, 2012).

Reduz o desperdício - A ração peletizada é menos suscetível ao desperdício, pois apresente menos partículas no comedouro se comparada a ração farelada. Contribuindo assim para melhorar a conversão alimentar.

Controle de patógenos: O calor gerado durante o processo de peletização reduz a presença de microrganismos patogênicos, como bactérias e fungos, aumentando a segurança alimentar dos leitões.

Imagem ilustrativa.

Figura 1. Imagem ilustrativa.

Apesar de a peletização ser um processo relativamente mecânico, alguns fatores são cruciais para que a ração peletizada atenda às vantagens descritas:

Controle de qualidade: Manter rigorosas especificações para os ingredientes utilizados é fundamental, garantindo assim um padrão constante nas matérias primas.  Por exemplo, a utilização de milho que passou por mesa densimétrica proporciona um produto de melhor valor nutricional e com padrões constantes.

Processamento: Monitorar constantemente as etapas do processo são decisivas para garantir a qualidade física da ração. Iniciando com a moagem adequada dos ingredientes, passando pela mistura, processamento térmico e resfriamento, até o monitoramento da qualidade do pellet (tamanho, dureza, presença de finos e umidade). Essas etapas devem ser específicas conforme a fase dos animais (CHEN et al., 2021).

Estratégias nutricionais: Além de atender as exigências nutricionais descritas em manuais de genética e tabelas, a utilização de ingredientes de alta digestibilidade e em proporções adequadas, são fundamentais para o ganho produtivo. Vale apena ressaltar que muitos destes ingredientes possuem particularidades que devem ser consideradas para obter os benefícios da peletização. Essas estratégias permitem a elaboração de um pellet de qualidade que potencializa o ganho dos animais.

Esses fatores destacam o papel estratégico do processamento na maximização do desempenho zootécnico. Dados de literatura mostram aumento no ganho de peso diário (GPD) e redução na conversão alimentar (CA). Indicativos internos confirmam os relatos dos pesquisadores, apontando uma melhora em GPD próximo a 6% e redução na CA de aproximadamente 9% na fase de creche.

Considerando que a alimentação representa o maior custo na produção dos suínos, buscar estratégias que otimizem o ganho de peso e proporcionem retorno sobre o investimento é essencial para o sucesso do sistema de produção.

Por Camila Tofoli Tse - Diretora técnica de Monogástricos.

Literaturas consultadas:

CHEN, Hao et al. Effects of soft pellet creep feed on pre-weaning and post-weaning performance and intestinal development in piglets. Animal Bioscience, [S.L.], v. 34, n. 4, p. 714-723, 1 abr. 2021. Asian Australasian Association of Animal Production Societies. http://dx.doi.org/10.5713/ajas.20.0034

FAHRENHOLZ, Adam Charles. EVALUATING FACTORS AFFECTING PELLET DURABILITY AND ENERGY CONSUMPTION IN A PILOT FEED MILL AND COMPARING METHODS FOR EVALUATING PELLET DURABILITY. 2012. 104 f. Tese (Doutorado) - Curso de Agriculture, Kansas State University, Manhattan, 2012.

GROESBECK, C N et al. "Nursery pig performance in response to meal and pelleted diets fed with irradiated or non-irradiated spray-dried animal plasma (2005)," Kansas Agricultural Experiment Station Research Reports: Vol. 0: Iss. 10. https://doi.org/10.4148/2378-5977.6849        

LANCHEROS, J.P.; ESPINOSA, C.D.; STEIN, H.H.. Effects of particle size reduction, pelleting, and extrusion on the nutritional value of ingredients and diets fed to pigs: a review. Animal Feed Science And Technology, [S.L.], v. 268, p. 114603, out. 2020. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2020.114603.

MAZUTTI, Kelly et al. Effects of processing and the physical form of diets on digestibility and the performance of nursery piglets. Ciências Agrárias, Ciências Agrárias, v. 38, n. 3, p. 1575-1586, jun. 2017.

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