Domínio do PCV2d a nível mundial

16-Dez-2025
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Em pouco mais de duas décadas, o panorama do circovírus suíno tipo 2 (PCV2) mudou drasticamente. No final da década de 1990, o genótipo PCV2a era predominante na maioria dos países produtores de suínos. Com o tempo, foi substituído pelo PCV2b, que rapidamente se tornou o principal responsável pelos surtos associados ao início de sinais clínicos em meados da década de 2000. No entanto, há mais de uma década, um genótipo predominante vem sendo identificado, o PCV2d, que atualmente é o genótipo mais detectado em granjas comerciais em nível global.

Esse fenômeno, conhecido como genotype shift, não é uma mudança casual. As sequências de campo mostram que o PCV2d apresenta variações genéticas específicas na proteína do capsídeo, principal alvo do sistema imune. Essas alterações podem modificar o reconhecimento do vírus pelos anticorpos gerados contra genótipos anteriores, conferindo-lhe uma vantagem em populações com alta imunidade contra PCV2a ou PCV2b.

A tendência não se limita a uma região específica. Estudos realizados na Ásia, Europa e Américas concordam que, nos últimos dez anos, a frequência relativa do PCV2d cresceu de forma constante, superando outros genótipos, inclusive em granjas com programas de vacinação bem estabelecidos. Essa substituição genética está documentada por curvas de prevalência que mostram como o PCV2d, inicialmente minoritário, atingiu percentuais de detecção superiores a 70–80% em alguns países.

Além disso, a circulação do PCV2d não se limita aos suínos domésticos. Casos foram relatados em populações de javalis, o que sugere a existência de reservatórios silvestres que podem contribuir para a persistência do vírus e para sua troca genética com cepas da produção intensiva. Essa interação entre populações reforça a necessidade de monitoramento contínuo das variantes circulantes.

Do ponto de vista prático, compreender essa evolução genética é fundamental. Não basta controlar a infecção; é necessário monitorar quais genótipos estão circulando para antecipar possíveis mudanças na eficácia das medidas de controle. Na prática, isso implica incorporar ferramentas de diagnóstico molecular que não apenas detectem o vírus, mas também identifiquem seu genótipo.

O domínio do PCV2d é o resultado de um processo evolutivo que combina pressão imunológica, adaptações genéticas e amplas oportunidades de transmissão. Compreendê-lo não é apenas um exercício acadêmico; é um investimento direto na sanidade e na produtividade da granja.

Resumo

  • O PCV2d, como genótipo dominante, substituiu o PCV2a e o PCV2b devido à sua vantagem imunológica, que permite escapar da imunidade gerada contra genótipos anteriores.
  • Presença global documentada em granjas de produção intensiva e em fauna silvestre, com prevalências superiores a 70–80% em alguns países.
  • Desafios para o controle: sua capacidade de evadir-se da resposta imune exige vacinas e programas de controle adaptados à diversidade atual.

Referencias

  1. Franzo G., et al. (2016). Porcine circovirus type 2 (PCV2) evolution before and after the vaccination introduction: a large scale epidemiological study. Sci. Rep.
  2. Huang L., et al. (2021). Epidemiological and genetic variation analysis of emerging porcine circovirus type 2d. BMC Vet. Res.
  3. Phuong T., et al. (2018). Genetic characterization of porcine circovirus type 2 (PCV2) in Vietnam. Arch. Virol.
  4. D’Annunzio R., et al. (2023). PCV2d in Latin American swine populations. Transbound. Emerg. Dis.
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