Peste suína clássica e o risco iminente para a produção brasileira

28-Mai-2025
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A peste suína clássica (PSC) é uma doença grave e limitante para a produção de suínos, tem caráter hemorrágico, é altamente contagiosa e causa alta mortalidade no plantel.

 

A Peste Suína Clássica

Causada por um vírus do gênero Pestivírus, a doença afeta suínos domésticos, asselvajados e selvagens. Em sua forma aguda, causa prostração, febre entre 40,5 °C e 42 °C e hemorragia generalizada. A coloração arroxeada das extremidades da orelha, do focinho, dos membros e da região ventral do abdome é bem característica. É uma doença altamente transmissível de forma direta entre suínos por meio do contato com fezes, fluidos e secreções corporais de suínos contaminados, assim como de forma indireta, pela contaminação de fômites, como caminhões, equipamentos, vestimentas e calçados contaminados previamente.

Principais sinais clínicos da peste suína clássica:

  • Abortamento
  • Conjuntivite
  • Descarga nasal
  • Prostração
  • Animais amontoados (febre)
  • Lesões hemorrágicas na pele
  • Ataxia e paresia
  • Mortalidade em 5 a 14 dias após o início da doença
Fonte: ADAPI.
Fonte: ADAPI.

Apesar de o vírus ser sensível a diversos desinfetantes, ele pode resistir por 15 dias em ambiente aberto e ser inativado pela luz UV (solar) em 24 horas. Em carcaças refrigeradas, pode resistir por um mês e, em carcaças congeladas, por mais de 4 anos. Essas particularidades no frigorífico representam um importante risco de disseminação para regiões mais distantes e explica a necessidade de notificação e bloqueios de trânsito de carne suína para regiões livres da doença.

Essas medidas de embargo podem prejudicar significativamente a atividade suinícola de uma determinada região. Não podemos deixar de mencionar que a suinocultura tem um papel importante para o desenvolvimento socioeconômico e cultural de diversas regiões de produção tecnificada de suínos, e a vigilância permanente torna-se indispensável para a atividade nas regiões produtoras.

A facilidade de transmissão e a capacidade de rápida disseminação ocorrem pela alta carga viral eliminada por todos os fluidos corporais. O período de infecção é curto, ocorrendo entre 3 e 5 dias após o contato com o vírus. No suíno infectado, o vírus se multiplica em tonsilas e linfonodos regionais e se espalha pela corrente sanguínea e linfática até atingir a medula óssea e diversos outros órgãos. O vírus tem alta afinidade por células endoteliais, em que os danos podem resultar em trombose generalizada.

Outras células importantes com que o vírus tem afinidade são as células do sistema imune, como os macrófagos e células dendríticas. Por essas propriedades, além de causar leucopenia e imunossupressão importantes, as lesões dos vasos procedem o gatilho da cascata de coagulação, levando a uma coagulação intravascular disseminada que resulta nas lesões hemorrágicas.

Pelas características de transmissão somadas à patogenicidade desse agente e o potencial de devastação de plantéis de produção tecnificados altamente adensadas, fez-se necessária a elaboração de um plano de contingência para essa doença.

Status do Brasil

Na década de 1990, surtos de PSC com altíssima mortalidade dos rebanhos afetados foram identificados na região Sul do Brasil, na qual se concentram 70% da produção de suínos. Isso representou um enorme desafio para a sanidade de nossa produção. Com a adoção de medidas sanitárias de contingência, eliminação dos focos e uso de vacinação, foi possível erradicar a doença dessa região e, assim, preservar a produção tecnificada.

Fonte: David Barcellos/Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS.
Fonte: David Barcellos/Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS.

Atualmente, o Brasil é positivo para a peste suína clássica, mas tem sua produção compartimentada entre zona livre e zona não livre da doença.

A zona livre compreende os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e mais alguns limítrofes, onde está concentrada a produção tecnificada. A zona não livre abrange as regiões Nordeste e Norte do país, contemplando quase todos os estados ali situados. Com essa divisão, fica limitado o trânsito de suínos e seus produtos da zona não livre para a zona livre da doença. Planos de erradicação da doença por meio da vacinação têm sido amplamente discutidos e precisam do apoio estruturado e coordenado das diversas esferas dos órgãos competentes.

 

O estado de Alagoas – onde foram registrados casos da doença –, adotou a vacinação compulsória de seu plantel de suínos, e o programa está em vigência para erradicar a peste suína clássica desse território.

Fonte: Arquivo pessoal
Fonte: Arquivo pessoal

Com resultados-pilotos promissores, o programa de erradicação da peste suína clássica pode amadurecer e expandir para outros estados dentro da zona não livre da doença afim de tornar o Brasil livre da peste suína clássica , ajudando a melhorar a saúde de granjas de suinocultura em todo o país.

Acompanhe nossas próximas publicações para saber o que mais pode ser feito para evitar a peste suína clássica.

 

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