Mycoplasma hyopneumoniae – Qual é a relevância desse agente primário na saúde pulmonar?

17-Jun-2025
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No modelo de suinocultura atual, em que as margens estão cada dia mais ajustadas e se busca a maior eficiência produtiva, ter uma visão ampla dos desafios presentes no sistema de produção se faz necessário. Quando olhamos para o pilar da sanidade e especificamente para a saúde pulmonar, temos um ponto de extrema relevância, a prevenção e o controle dos agentes primários dentro do complexo de doenças respiratórias dos suínos. Entre os agentes primários de alta relevância, temos o Mycoplasma hyopneumoniae como um protagonista importante, causando um problema respiratório de alto impacto produtivo e financeiro.

Nos suínos esse patógeno evoluiu ao longo dos anos para se tornar um parasita simples e eficiente do trato respiratório, passando despercebido pelas células de defesa do sistema imune e causando pneumonia. O Mycoplasma é um microrganismo que não tem parede celular, pertencente à classe dos Mollicutes e tem capacidade de se autorreplicar.

Uma vez presente no trato respiratório dos animais, o Mycoplasma atua sobre o mecanismo de limpeza dos brônquios e bronquíolos, mecanismo esse que tem a função de empurrar as impurezas presentes no ar que entra nos pulmões através da respiração e ficam retidas nos cílios do trato respiratório. Para causar a pneumonia enzoótica, o Mycoplasma hyopneumoniae precisa conseguir se ligar a receptores específicos do epitélio pulmonar através de proteínas chamadas adesinas, com isso ele consegue se replicar e retardar sua identificação pelo sistema imune.

Hoje sabemos que essas proteínas de ligação, como a p97 e a p146, são específicas e encontradas em cepas patogênicas de Mycoplasma hyopneumoniae. Ao se ligar a esses receptores nos cílios das células do epitélio pulmonar, esse agente promove a clivagem dos cílios resultando em uma ciliostase, prejudicando o mecanismo de limpeza do trato respiratório (Figura 1). A nível pulmonar, o Mycoplasma consegue sobreviver em um microambiente inflamatório mais ácido resultado da atuação do próprio sistema imune, tornando o ambiente inóspito para outras bactérias e limitando a sua presença no local de infecção.

Figura 1. Microscopia eletrônica de Mycoplasma hyopneumoniae aderidos às células epiteliais ciliadas do trato respiratório suíno. Fonte: Dr. Carlos Pijoan

A infecção pelo Mycoplasma hyopneumoniae é conhecida por causar uma broncopneumonia crônica, apresentando sinal clínico caracterizado por uma tosse seca e não produtiva. Essa condição afeta suínos de todas as idades, mas é especialmente prevalente nas fases de crescimento e terminação. A mortalidade dos animais infectados é baixa. No entanto, esse agente causa imunossupressão no trato respiratório, o que facilita a infecção por outros patógenos. A doença pode levar a uma alta morbidade, impactando significativamente a saúde e o desempenho dos animais, além de aumentar os custos de produção devido à necessidade de tratamentos e manejo adicional.

Dentro da granja, a transmissão do Mycoplasma ocorre principalmente pelo contato direto das secreções respiratórias de um animal portador para os animais suscetíveis. A categoria de matrizes com maior possibilidade de estar positiva no exame de PCR para Mycoplasma no momento do parto são fêmeas de ordem de parto 1 e 2, e pelo contato direto com a leitegada transmiti-lo para a prole. Nas matrizes com ordem de parto igual ou superior a três essa transmissão também acontece, porém a porcentagem de positividade no PCR reduz de 92% para 20% em relação as fêmeas de ordem de parto 1 e 2.

Estudos demonstram que a prevalência inicial da colonização de leitões desempenha um papel importante na intensidade em que a doença pelo M. hyopneumoniae irá ser apresentada, portanto fornece evidências de que a gravidade da doença pode ser prevista pela prevalência do Mycoplasma nos leitões ao desmame. Quanto maior a prevalência do Mycoplasma nos leitões ao desmame maior será a quantidade de lesões observadas no pulmão dos animais no momento do abate.

Na Figura 2, é possível verificar a prevalência do Mh em swab de tonsila em dois sistemas de produção diferentes, na granja A é feito o controle do Mycoplasma na fase de creche. Portanto, temos uma prevalência de 39% nos animais aos 150 dias. Na granja B esse controle não é realizado e temos uma prevalência de 20% do Mh aos 60 dias de idade, refletindo diretamente em uma prevalência de 75% aos 150 dias de vida dos animais.

Figura 2. Prevalência de Mycoplasma hyopneumoniae na fase de recria e terminação em dois sistemas produtivos distintos. Fonte: Arquivo pessoal

Para entender sobre métodos de diagnóstico e conhecer ferramentas de controle desse agente objetivando ter uma melhor saúde pulmonar nas fases de recria e terminação, não deixe de conferir nossas publicações.

 

Autor: Vinicius Lourenço Alves Fernandes

Coordenador Comercial

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