Primeiro caso em produção comercial no Brasil
O Brasil enfrenta seu primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP – H5N1) em produção comercial. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) confirmou, em 16 de maio de 2025, o primeiro foco em uma granja de galinhas reprodutoras no município de Montenegro, Rio Grande do Sul.

Desde a notificação do caso, as equipes do Serviço Veterinário Oficial (SVO) interditaram o local, realizaram a eutanásia sanitária das aves remanescentes, iniciaram a desinfecção das instalações e estabeleceram barreiras sanitárias em zonas de perifoco e vigilância, como informou a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA). O MAPA também decretou estado de emergência zoossanitária no município por 60 dias, por meio da Portaria nº 795/2025.
Impacto nas exportações
Em resposta ao caso, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) informou, em coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (19), que 20 países suspenderam a importação de carne de aves do Brasil.
Países como México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina manifestaram pela suspensão da importação da carne de aves de todo o Brasil, detalha o MAPA.
Para China, União Europeia, África do Sul, Rússia, Peru, República Dominicana, Bolívia, Marrocos, Paquistão e Sri Lanka, a suspensão para todo o território nacional foi aplicada em atendimento aos requisitos sanitários em protocolos assinados com esses países parceiros.
De forma regionalizada, Reino Unido, Cuba e Bahrein suspenderam apenas o estado do Rio Grande do Sul, acrescenta o MAPA, ressaltando que essa lista é dinâmica e é revisada diariamente.
Caso descartado em Tocantins
Em Tocantins, um caso suspeito foi descartado. A Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec) informou, em nota, que o laudo preliminar do exame laboratorial sobre o caso suspeito em criação comercial de Aguiarnópolis (TO) foi negativo para gripe aviária de alta patogenicidade.
A suspeita havia sido identificada em um abatedouro de aves durante inspeção de rotina, quando foram detectados, em um lote de 40 mil aves, sete animais com sintomas compatíveis com a Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves. O material analisado detectou a presença de influenza A de baixa patogenicidade.
Reforço de protocolos no Paraná e Santa Catarina
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) comunicou, na segunda-feira (19), a importância de reforçar as medidas de biossegurança das granjas, durante uma reunião extraordinária do Comitê Estadual de Sanidade Avícola (Coesa).
Segundo a Adapar, o Paraná não tem nenhum caso suspeito ou em investigação. Na reunião, foi orientado que os produtores continuem a vistoriar permanentemente as condições da estrutura física dos criadouros para evitar frestas que permitam a entrada de aves silvestres, aves migratórias, animais domésticos ou roedores.
Também foi acentuado o pedido para redução e controle rígido das pessoas que adentram as granjas, com uso de equipamentos de proteção individual e troca de roupas e sapatos esterilizados. Os veículos que se aproximam dos aviários precisam ser desinfetados, assim como materiais vindos de fábricas de rações ou incubatórios.
Já a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SAR) de Santa Catarina e a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) emitiram a Nota Técnica n.º 001/2025 com medidas sanitárias visando garantir a proteção do estado e dar segurança aos países importadores.
O estado emite Alerta Máximo para que a avicultura comercial reforce as medidas de biosseguridade. Além disso, o Estado intensifica as ações de defesa sanitária animal, entre elas estão: (i) a análise da movimentação e produtos de origem animal vindos da região do foco; (ii) o direcionamento da atividade de vigilância ativa em propriedades que receberam animais daquela região nos últimos 30 dias; (iii) orientação aos Postos de Fiscalização Agropecuária (PFFs) da divisa sul para intensificar a inspeção documental e física de todas as cargas de aves e ovos férteis provenientes do Rio Grande do Sul.
Restrições ao trânsito interestadual
A Secretaria da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina publicou, em 17 de maio de 2025, a Nota Técnica Conjunta Nº 02/2025 - CIDASC/SAR, que atualiza as medidas de restrição ao trânsito interestadual de aves vivas e ovos férteis oriundos do Estado do Rio Grande do Sul.
Todas as cargas autorizadas a ingressar no Estado de Santa Catarina, oriundas do Rio Grande do Sul, deverão obrigatoriamente passar por desinfecção nos Postos Fixos de Fiscalização (PFFs), sob responsabilidade do Serviço de Defesa Sanitária Animal de Santa Catarina. A depender da evolução do cenário epidemiológico, novas medidas poderão ser adotadas pela Cidasc para proteger a avicultura catarinense.
Orientações para eventos e visitas a granjas
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) publicou, em 19 de maio de 2025, uma nota técnica com orientações para eventos realizados no Brasil e visitas às unidades de produção (granjas), relacionada à biosseguridade no contexto da gripe aviária.
Segurança dos alimentos
A ABRA ressalta que a segurança dos alimentos permanece garantida. De acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), FAO, OMSA e demais órgãos internacionais, o consumo de carne de aves e ovos segue seguro quando os produtos são corretamente manipulados e cozidos.
O Mapa alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).
20 de maio de 2025 / Redação 333 com dados do MAPA, ABPA, Adapec, Adapar, ABRA, Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná, Epagri.