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Impactos da seca do Canal do Panamá no comércio agrícola global

Se a seca continuar nos próximos meses, o impacto – incluindo atrasos no transporte e aumento dos custos – será sentido de forma mais aguda nas exportações agrícolas que transitam dos Estados Unidos (grãos e sementes oleaginosas).

Em 2022, os Estados Unidos exportaram mais de 26% de soja e 17% de milho através do Canal do Panamá, grande parte do qual foi destinado à Ásia. Apesar da sua intenção de reduzir as importações de cereais dos EUA, a China poderá ter de abrandar a implementação dessa estratégia, dado que se espera uma menor colheita de trigo na Austrália e é provável que aumente a dependência da China dos cereais dos EUA e, consequentemente, do Canal do Panamá. A temporada de exportação de grãos nos Estados Unidos começará em grande estilo em meados de outubro e durará até maio. Se os níveis de água no canal permanecerem baixos, as exportações de grãos dos EUA serão duramente atingidas.

Se a situação no Canal do Panamá piorar significativamente até outubro, as exportações de cereais e algodão dos EUA poderão ser afetadas, o que poderá criar oportunidades para o Brasil exportar volumes mais elevados no quarto trimestre como fornecedor alternativo para compradores asiáticos. O Brasil está no caminho certo para produzir uma safra recorde de soja, milho e algodão durante 2023, o que significa que terá oferta disponível caso problemas logísticos no Canal do Panamá impulsionem a demanda adicional de outras regiões no final do ano.