Após a confirmação do primeiro foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em sistema de avicultura comercial no Brasil, localizado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, os estados vizinhos intensificaram suas medidas de defesa sanitária para proteger seus plantéis avícolas e garantir a segurança dos mercados importadores.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio da Portaria n.º 795, de 15 de maio de 2025, declarou estado de emergência zoossanitária no município de Montenegro por 60 dias. Em resposta a essa situação, tanto o Paraná quanto Santa Catarina, importantes produtores e exportadores de frango, mobilizaram seus órgãos de defesa agropecuária para evitar a disseminação da doença.

Impacto econômico e medidas comerciais
A confirmação do foco de gripe aviária já provocou reações no mercado internacional. Alguns países, entre eles a China, importante comprador da carne de frango brasileira, decretaram suspensão de 60 dias em importações do Brasil. No entanto, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, acredita que nas conversas diplomáticas e comerciais esse tempo pode ser reduzido e se restringir à área próxima ao foco.
O impacto econômico dessa situação é significativo, considerando que o Paraná lidera a produção e exportação de frango no Brasil, sendo responsável por quase 35% da produção e cerca de 42% da exportação nacional. Santa Catarina, por sua vez, ocupa a posição de segundo maior exportador de carne de frango do país.
Ações coordenadas de defesa sanitária
Em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SAR) e a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc) emitiram a Nota Técnica n.º 001/2025 com medidas sanitárias visando garantir a proteção do estado e dar segurança aos países importadores. Entre as ações implementadas estão a análise da movimentação e produtos de origem animal vindos da região do foco, o direcionamento da vigilância ativa em propriedades que receberam animais daquela região nos últimos 30 dias e a orientação aos Postos de Fiscalização Agropecuária (PFFs) da divisa sul para intensificar a inspeção documental e física de todas as cargas de aves e ovos férteis provenientes do Rio Grande do Sul.
No Paraná, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento reuniu técnicos e lideranças do setor agropecuário para discutir a defesa da avicultura. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adapar) tem trabalhado de forma ativa na vigilância sanitária, realizando análises por amostragem em mais de 300 propriedades. Além disso, se há qualquer informe de suspeita, o atendimento é feito em menos de 12 horas. Os técnicos também atuam na vigilância de aves migratórias no litoral do Estado e na disseminação de informações sobre os cuidados necessários.
Orientações aos produtores
As autoridades sanitárias de ambos os estados emitiram recomendações semelhantes aos produtores para reforçar as medidas de biosseguridade nas propriedades. Entre as principais orientações estão:
A verificação das telas mantendo o local das aves fisicamente perfeito para que não haja nenhuma fresta que possibilite a entrada de qualquer outro animal; a restrição da entrada apenas às pessoas absolutamente necessárias; a adoção de medidas de desinfecção dos solados de sapatos, das roupas e dos veículos; e a comunicação imediata aos órgãos de defesa sanitária de qualquer alteração nos hábitos dos animais.
Sintomas e notificação
As autoridades sanitárias alertam que os produtores devem ficar atentos aos sintomas da gripe aviária, que podem incluir dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo ou aves girando em seu próprio eixo, diarreia ou alta mortalidade súbita.
Aves mortas ou com sinais clínicos da doença não devem ser manipuladas. É fundamental a comunicação imediata aos órgãos de defesa sanitária em caso de suspeita. Em Santa Catarina, essa comunicação pode ser realizada utilizando o sistema e-Sisbravet ou diretamente em um escritório local da Cidasc.
Segurança alimentar
Tanto a Adapar quanto a Cidasc reforçam que o consumo da carne de aves e ovos é seguro e não representa qualquer risco ao consumidor final. Eventual transmissão somente acontece com contato próximo e continuado com aves vivas infectadas, como em uma gripe normal, e não ao ingerir o alimento.
O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).
19 de maio de 2025 / Redação 333 à partir de dados do Governo do Estado do Paraná e Santa Catarina