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O Instituto Roslin desenvolve suínos resistentes à peste suína clássica

Os suínos adquirem resistência à peste suína clássica por meio da edição genética, trazendo esperança para proteger o rebanho contra essa custosa doença viral.

24 Outubro 2025
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Pesquisadores desenvolveram suínos resistentes a uma doença altamente infecciosa que tem grande impacto na produção mundial de carne suína.

O estudo demonstra que a edição genética pode prevenir a infecção pela peste suína clássica (PSC), uma enfermidade altamente contagiosa, muitas vezes fatal e endêmica em diversos países, oferecendo uma nova e promissora abordagem para o controle de doenças em animais de produção.

O trabalho foi conduzido por uma equipe do Instituto Roslin, que utilizou tecnologia de edição genética para modificar uma proteína essencial para a replicação do vírus nas células dos suínos.

Os animais editados geneticamente e expostos ao vírus da PSC não apresentaram sintomas, enquanto os suínos não editados mostraram sinais claros da doença.

Essa modificação genética proporcionou proteção completa contra a infecção, sem efeitos negativos observáveis na saúde ou no desenvolvimento dos animais. Os pesquisadores também consideram muito improvável que esses suínos transmitam o vírus a outros animais.

Segundo a equipe, a edição genética pode integrar uma estratégia combinada de prevenção de doenças, atuando em conjunto com vacinas e medidas de biosseguridade para conter a disseminação de enfermidades em rebanhos comerciais.

Cerdos editados genéticamente resistentes a la peste porcina clásica.
Cerdos editados genéticamente resistentes a la peste porcina clásica.

Edição dirigida

Antes de produzir suínos com edição genética, os pesquisadores trabalharam em colaboração com outros grupos para estudar como um conjunto de vírus, incluindo o da peste suína clássica (PSC), conhecidos coletivamente como pestivírus, interagem com as células suínas.

A equipe concentrou-se em uma proteína suína chamada DNAJC14, que estudos anteriores já haviam identificado como desempenhando um papel importante na replicação viral em células cultivadas.

Em experimentos de laboratório com essas células, a modificação do gene responsável pela produção da DNAJC14 impediu a reprodução do vírus.

Esses resultados sugeriram que realizar a mesma alteração genética em animais vivos poderia gerar rebanhos resistentes a esses vírus.

Estudo in vivo

Os pesquisadores realizaram uma modificação precisa em uma região do gene DNAJC14 em embriões de suínos, impedindo que o vírus utilizasse as células suínas para produzir suas próprias proteínas virais.

Os embriões modificados foram implantados em fêmeas substitutas e, após o nascimento, os suínos editados geneticamente foram expostos ao vírus da peste suína clássica (PSC) quando atingiram a idade adulta.

Os especialistas monitoraram a saúde dos animais por várias semanas e não encontraram sinais de infecção viral nos suínos editados. Em contrapartida, os animais não editados e expostos ao vírus apresentaram sintomas típicos da doença.

Potencial entre espécies

A peste suína clássica (PSC) não está presente atualmente no Reino Unido, mas continua causando surtos significativos em partes da Ásia, África, América Latina e Europa, resultando em restrições comerciais e graves perdas econômicas para os produtores.

A família dos pestivírus inclui outras doenças relevantes, como o vírus da diarreia viral bovina, que afeta o gado, e o vírus da doença da fronteira, que acomete ovinos.

Embora existam vacinas contra a PSC, o controle da enfermidade ainda é desafiador devido à persistência do vírus e à transmissão entre espécies.

Segundo os pesquisadores, a mesma modificação genética poderia, em teoria, ser aplicada a outras espécies de animais de produção, oferecendo uma proteção mais ampla contra a doença.

O estudo foi publicado na revista Trends in Biotechnology, em colaboração com a empresa de genética animal Genus, a Agência de Sanidade Animal e Vegetal (APHA) e a Universidade de Lübeck, na Alemanha. O trabalho contou com apoio da Infraestrutura Nacional de Pesquisa em Biociências do BBSRC e foi viabilizado pelo Centro de Pesquisa e Imagem de Grandes Animais da Universidade de Edimburgo.

“Nossa pesquisa destaca o crescente potencial da edição genética na pecuária para melhorar a saúde animal e promover uma agricultura mais sustentável”, concluem os autores.

Embora pesquisas anteriores já tivessem identificado o papel dessa proteína em culturas celulares, traduzir essa descoberta para animais vivos é um passo importante, que exige infraestrutura adequada para criar, monitorar e avaliar com segurança o gado modificado geneticamente. Nosso Centro de Pesquisa e Imagem de Grandes Animais nos permite editar geneticamente e avaliar diferentes espécies de gado, em colaboração com a Agência de Sanidade Animal e Vegetal, que oferece sua experiência e instalações de biossegurança para enfrentar esse desafio”, afirmou o Dr. Simon Lillico, cientista principal do Instituto Roslin.

Outubro de 2025 - The Roslin Institute

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