Pesquisas anteriores demonstraram que as variações nos dados longitudinais são hereditárias e podem ser utilizadas como indicadores da resiliência geral dos suínos. No entanto, poucos estudos investigaram a relação entre esses traços de resiliência e outros relacionados à saúde e ao bem-estar animal.
Objetivo: O estudo investigou a relação entre características de resiliência derivadas de desvios em dados longitudinais e características associadas à saúde, bem-estar e resiliência dos animais, como lesões por mordedura de cauda e orelha, claudicações e mortalidade.

Métodos: No experimento, 1.919 suínos em engorda (133 machos Pietrain e 266 fêmeas cruzadas) foram pesados a cada duas semanas e avaliados quanto a anomalias físicas, como claudicações e lesões por mordeduras (de cauda e orelha), totalizando 17.066 registros. A resiliência foi avaliada com base nos desvios de peso, ordem de pesagem e atividade durante a pesagem. Foram investigadas as associações entre esses traços de resiliência e os indicadores de anormalidade física, e estimados os parâmetros genéticos.
Resultados: Os desvios de peso apresentaram herdabilidade moderada (h² = 25,2 a 36,3%), enquanto os desvios na ordem de pesagem (h² = 4,2%) e na atividade durante a pesagem (h² = 12,0%) apresentaram herdabilidade baixa. Os desvios de peso mostraram correlação genética positiva com lesões por mordedura de cauda (rg = 0,22 a 0,30), claudicações (rg = 0,15 a 0,31) e mortalidade (rg = 0,19 a 0,33). Isso indica que esses problemas estão associados às variações no ganho de peso dos suínos. Não foram observadas associações significativas com os desvios na ordem de pesagem ou na atividade durante a pesagem. Além disso, os desvios individuais de peso se correlacionaram positivamente com a uniformidade dentro das baias, sugerindo que a seleção desses traços pode melhorar tanto a resiliência quanto a homogeneidade dos animais.
Conclusão: Em resumo, os resultados mostram que a seleção de características de resiliência com base em desvios dos dados longitudinais de peso pode reduzir as lesões por mordedura de cauda, as claudicações e a mortalidade em suínos, além de melhorar a uniformidade no nível da baia. Esses achados são valiosos para os produtores, pois indicam que tais traços de resiliência são indicadores relevantes de saúde, bem-estar e desempenho geral dos animais. Os resultados também incentivam a adoção dessa abordagem em outras espécies.
Gorssen W, Winters C, Meyermans R, et al. Breeding for resilience in finishing pigs can decrease tail biting, lameness and mortality. Genetics Selection Evolution. 2024; 56(48). https://doi.org/10.1186/s12711-024-00919-1