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A prata é um metal pesado com propriedades versáteis e extremamente valiosas para a humanidade, especialmente na era do aumento da resistência aos antibióticos. Uma característica particular deste metal são as suas propriedades bactericidas, virucidas e fungicidas (Maillard et al.2016). Sem conhecer os mecanismos ou espectro de ação deste elemento, a prata (compostos de prata) é utilizada na medicina há milênios. A descoberta dos antibióticos causou um retrocesso no uso generalizado de compostos de prata no tratamento de feridas.
Novas descobertas associadas ao desenvolvimento dinâmico de diversas áreas da ciência têm destacado o enorme potencial de utilização da prata, na forma de nanopartículas.
Nos últimos anos, nanopartículas de prata (formas ativas de prata, AgNP) foram amplamente introduzidas em diversas áreas da saúde. O uso de AgNPs tornou-se tão prevalente que cientistas, da área de toxicologia ambiental, apontam que o uso crescente de nanopartículas, incluindo AgNPs, pode afetar negativamente o meio ambiente em determinadas situações (Auffan et al. 2009). Por esta razão, postulou-se que os benefícios da nanotecnologia de prata são principalmente aplicáveis aos setores médico e farmacêutico.
Tecnologia das nanopartículas
Como já mencionado, a utilização da prata na forma de nanopartículas tem sido possível graças à nanotecnologia. A nanotecnologia permite a criação e o uso controlado de diversas estruturas e materiais com tamanhos nanométricos, ou seja, semelhantes ao tamanho de átomos e moléculas individuais. Deve-se lembrar que nano é um prefixo que denota um fator de multiplicação de 0,000 000 001 = 10-9.
O processo de criação de nanopartículas pode ser realizado de duas maneiras. O método de cima para baixo consiste em fragmentar o material até que as partículas individuais tenham o tamanho de nanômetros, enquanto o método de baixo para cima consiste na construção de nanoestruturas a partir de átomos individuais.
Impacto da nanotecnologia nas propriedades físicas e químicas dos materiais
A capacidade das nanopartículas atravessarem a maioria das barreiras, incluindo as biológicas, é especialmente importante e esta é a base para a sua elevada atividade contra microrganismos.
A segunda propriedade prática importante das nanopartículas é o desenvolvimento de uma superfície nanoespecífica. No caso dos nanomateriais, este parâmetro é muito elevado; Por exemplo, a área superficial específica das nanopartículas de silício contidas em um volume semelhante ao de uma gota de chuva é comparável à de um grande campo de futebol. Isto é especialmente importante no contexto da atividade microbiana de nanopartículas, onde um mecanismo de contato é essencial (Pullit et al. 2010). AgNPs são de maior interesse para os profissionais.
Quanto à prata, as nanopartículas substituíram em grande parte a prata iônica por muitas das razões mencionadas acima. É importante ressaltar que, no presente caso, as AgNPs são muito mais seguras do que a prata iônica e seu potencial antibacteriano pode claramente ser melhorado de várias maneiras, incluindo a combinação com antibióticos específicos (Chojniak et al., 2018).
Existem diversas explicações sobre como as nanopartículas de prata atuam nos microrganismos para induzir um efeito biocida.
Em primeiro lugar, as nanopartículas de prata têm a capacidade de aderir e penetrar na parede celular bacteriana, o que provoca alteração da permeabilidade da membrana celular e, consequentemente, morte celular.
A segunda explicação mais comum refere-se à capacidade das nanopartículas de liberar íons de prata. Esses íons podem interagir com os grupos tiol de muitas enzimas importantes e inativá-los. As células bacterianas em contato com a prata “absorvem” íons de prata. Uma vez que os íons de prata livres são absorvidos pelas células, as enzimas respiratórias podem ser inativadas, gerando formas reativas de oxigênio que, entre outras coisas, atacam a célula. Significativamente, a prata tem alta afinidade com enxofre e fósforo. A interação dos íons de prata com o enxofre e o fósforo no DNA pode causar dificuldades na replicação do DNA, na proliferação celular e até causar a morte de microrganismos. Os íons de prata também podem inibir a síntese protéica desnaturando os ribossomos no citoplasma.
Os dois mecanismos mencionados são os mais comumente discutidos.
Uso de nanopartículas de prata na medicina veterinária
Foi demonstrado sem dúvida que as AgNPs têm efeitos bactericidas e bacteriostáticos e inibem o crescimento de fungos e protozoários (Speruda, et al. 2019.). Nanopartículas de prata têm propriedades antivirais. Estas características indicam que podemos atribuir propriedades desinfetantes às nanopartículas.
Na prática veterinária, incluindo a saúde suína, as nanopartículas de prata têm sido utilizadas com bastante sucesso no tratamento de feridas cutâneas associadas, entre outras coisas, ao canibalismo (Figura 3).
As preparações contendo nanopartículas de prata são cada vez mais utilizadas em granjas suinícolas para a desinfecção de sistemas de água.
As nanopartículas de prata estão a tornar-se um elemento importante em vários aspectos da biosseguridade, o que inclui a desinfecção periódica e contínua de salas realizada, por exemplo, por nebulização.
O estudo (Tarasiuk & Wojciechowski, 2022) comparou a eficácia da desinfecção com um produto com AgNPs em comparação com aquela realizada com um produto iodóforo. Foi demonstrado que a utilização de um produto com AgNPs na desinfecção periódica de instalações teve um efeito significativo na redução do número de microrganismos que contaminam o ambiente e deu melhores resultados do que a desinfecção com um produto iodóforo. A redução do potencial infeccioso se refletiu nos resultados de produção. A taxa de mortalidade de suínos em instalações desinfectadas com um produto com AgNPs foi significativamente inferior à do grupo de controlo positivo, que foi desinfectado com um produto iodóforo. Ao mesmo tempo, foi demonstrado que o custo dos tratamentos por casa de isco foi reduzido. No grupo controle positivo, o custo médio por indivíduo de 30 kg até ao final da terminação foi de 5,69 zlotys (1,27€), enquanto no grupo experimental foi de 4,02 zlotys (0,90€). Pode-se dizer que foi obtida uma redução de 30% nos custos do tratamento. Atualmente, os produtos à base de nanopartículas de prata são um pouco mais caros, embora se espere que seu preço caia à medida que seu uso aumenta.
Vale ressaltar que há vários anos existem tintas contendo nanopartículas de prata (na concentração de 30 ppm). Esta concentração de prata evita o crescimento de microrganismos nas superfícies pintadas com as referidas tintas. As tintas são utilizadas para revestir paredes em estabelecimentos de processamento de alimentos. Parece razoável introduzir este tipo de tinta na pintura de superfícies de animais de produção não só para controlar microrganismos, mas também artrópodes, especialmente moscas.
