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Diagnóstico laboratorial: vírus da influenza tipo A (IAV)

Quais métodos de diagnóstico laboratorial posso usar para diagnosticar a influenza A? Qual devo escolher de acordo com a situação? Como interpreto os resultados?

Testes disponíveis:

Figura 1. Amostragem destinada à detecção e diagnóstico direto ou indireto do vírus influenza A em suínos. A amostragem para detecção direta deve ser feita durante a excreção do vírus, no início do curso da doença. A detecção indireta de anticorpos influenza deve ser realizada após a eliminação do vírus e é direcionada à resposta imune contra a infecção.
Figura 1. Amostragem destinada à detecção e diagnóstico direto ou indireto do vírus influenza A em suínos. A amostragem para detecção direta deve ser feita durante a excreção do vírus, no início do curso da doença. A detecção indireta de anticorpos influenza deve ser realizada após a eliminação do vírus e é direcionada à resposta imune contra a infecção.

Patologia macroscópica

  • Avalia a presença de lesões teciduais que podem sugerir a presença da doença.
  • Localização da lesão:
    • Consolidação cranioventral (especialmente nos lóbulos apical e cardíaco)
Figura 2. Consolidação pulmonar cranioventral comum em infecções não complicadas por influenza A. Essas lesões são semelhantes àquelas causadas por Mycoplasma hyopneumoniae.
Figura 2. Consolidação pulmonar cranioventral comum em infecções não complicadas por influenza A. Essas lesões são semelhantes àquelas causadas por Mycoplasma hyopneumoniae.
  • A apresentação pode ser difusa cobrindo várias áreas do pulmão.
  • Pode haver edema interlobular.
Figura 3:Infecção por Influenza A de apresentação irregular e difusa com discreto edema interlobular.
Figura 3:Infecção por Influenza A de apresentação irregular e difusa com discreto edema interlobular.
  • Prós:
    • A gravidade das lesões pode estar relacionada à importância clínica.
  • Contras:
    • Lesões macroscópicas não patognomônicas (muito similares a Mycoplasma hyopneumoniae).
    • Muitas vezes há infecções secundárias ou coinfecções.

Histopatologia

  • Avaliar a presença de lesões que possam confirmar a presença da doença.
  • Tipo de amostra: tecido pulmonar.
  • Prós:
    • A bronquiolite necrosante é frequentemente considerada patognomônica da infecção pelo vírus influenza A em suínos.
      Figura 4: Histopatologia pulmonar mostrando adelgaçamento do epitélio bronquiolar, que é um exemplo de necrose. (Fonte da foto: Phil Gauger ISUVDL).
      Figura 4: Histopatologia pulmonar mostrando adelgaçamento do epitélio bronquiolar, que é um exemplo de necrose. (Fonte da foto: Phil Gauger ISUVDL).
    • As lesões características aparecem alguns dias após a disseminação do vírus em suínos, especialmente quando há coinfecções.
  • Contras:
    • Avalia apenas uma pequena quantidade de tecido.

    • Lesões não complicadas podem resolver rapidamente (5-7 dias).

Imuno-histoquímica (IHC)

  • Detecta a presença do antígeno viral.
  • Tipo de amostra: tecido pulmonar.
  • Prós:
    • Detecta o vírus no local da lesão (boa prova de causalidade).
    • O antígeno alvo é geralmente uma nucleoproteína que é conservada em todos os vírus influenza A.
  • Contras:
    • Avalia apenas uma pequena quantidade de tecido.
    • O vírus está presente apenas por um curto período de tempo (alguns dias).
    • Requer uma quantidade significativamente maior de vírus do que a PCR.

Isolamento do vírus

  • Isola o vírus vivo.
  • Tipos de amostras: tecido pulmonar, lavado broncoalveolar, swabs nasais.
  • Prós:
    • Critérios de referência.

    • Isolamento do vírus para uso no desenvolvimento de vacinas (vacinas autógenas) ou teste sorológico (inibição da hemaglutinação) para determinar a proteção cruzada.

  • Contras:
    • Caro.
    • Resultados demorados.
    • Requer ovo de galinha embrionado ou célula de rim canino Madin-Darby (MDCK)
    • O processo de inoculação é muito laborioso.
    • É difícil cultivar (muitos falsos negativos)
    • A manipulação da amostra desde o campo até o laboratório pode afetar a sobrevivência do vírus.

Reação em cadeia de polimerase (PCR)

  • Detecta a presença de uma sequência específica de ácido nucleico viral (RNA)
  • Tipos de amostras: swabs nasais, fluidos orais, tecido pulmonar, lavado broncoalveolar.
  • Prós:
    • Os primers (iniciadores) podem ser desenhados para:
      • Detecção de todos os subtipos de vírus da influenza A - visando a nucleoproteína conservada.
      • Detecção de grupos de vírus de subtipos específicos: subtipo H1, H3, N1 o N2.
    • Alta sensibilidade.
    • Detecção rápida.
    • A quantificação por PCR se associa com a presença de lesões.
    • Custo moderado.
      • Amostras de swab ou tecido geralmente podem ser combinadas para reduzir custos e minimizar a perda de sensibilidade (especialmente no que diz respeito à relevância clínica).

  • Contras:
    • Alta sensibilidade – especialmente em fluidos orais, pode detectar a presença de pequenas quantidades de vírus na granja, dificultando a interpretação clínica dos resultados com relação à extensão ou gravidade da doença.
    • O vírus está presente no hospedeiro apenas por alguns dias (3-5 dias, especialmente em swabs nasais).
    • Amostras de sangue ou soro não podem ser utilizadas para o teste de PCR, pois o vírus permanece no pulmão e não é sistêmico.

Sequenciamento genético

  • Sequenciar segmentos genéticos do ácido nucléico (RNA) do vírus.
  • Tipos de amostras: tecido pulmonar, swabs nasais, lavado broncoalveolar, fluidos orais.
  • Prós:
    • Permite a diferenciação entre subtipos em muitos níveis diferentes de clados
      • H1: é dividido em clados que geralmente são nomeados com o alfabeto grego (alfa, beta, gama, etc.)
      • H3: é dividido em grupos que geralmente são nomeados com algarismos romanos (I, IV, etc.)
      • Muitos desses clados ou grupos relevantes são descritos aqui.
    • Ele pode ajudar a diferenciar a introdução de novos vírus de vírus existentes ou antigos.
    • Pode ajudar a selecionar cepas de vacina com base no subtipo/clado.
  • Contras:
    • Caro.
    • Normalmente apenas o gene HA é sequenciado.
    • A variabilidade entre subtipos/clados continua a crescer e está se tornando mais complexa.

Ensaio imunossorvente ligado a enzima (ELISA)

  • Detecta a presença do anticorpo.
  • Tipo de amostra: soro.
  • Prós:
    • Os testes ELISA podem ser projetados para:
      • Detecção de anticorpos de todos os subtipos - direcionados à nucleoproteína conservada.
      • Detecção de anticorpos específicos do subtipo - dirigidos às proteínas específicas hemaglutinina (referida como H ou HA) e/ou neuraminidase (referida como N ou NA)
    • Os animais permanecem positivos por várias semanas (começam a declinar após 8-10 semanas).
    • Pode ser usado em casos crônicos.
  • Contras:
    • Os anticorpos específicos e o tempo de detecção podem variar ligeiramente entre os diferentes kits comerciais disponíveis.
    • Animais demoram de 10 a 14 dias para se tornar soropositivos.
    • Não distingue entre vacinação e infecção por vírus de campo.
    • Não identifica um subtipo específico de vírus.

Inibição da hemaglutinação (HI)

  • Detecta a presença de anticorpos.
  • Tipo de amostra: soro.
  • Prós:
    • Os animais permanecem positivos por várias semanas.
    • Pode ser usado em casos crônicos.
    • Pode ser usado para determinar o momento adequado para a vacinação evitando a interferência de anticorpos maternos.
    • Pode ser usado para determinar proteção cruzada entre cepas.
  • Contras:
    • Cada teste é específico da cepa.
    • Requer isolamento da cepa específica para avaliar a proteção cruzada.
    • Animais demoram de 10 a 14 dias para se tornar soropositivos.
    • Não distingue entre vacinação e infecção por vírus de campo.

Interpretação de resultados:

Patologia macroscópica

  • Positivo: Confirmação da presença de pneumonia.
  • Negativo: Os casos iniciais podem não manifestar lesões pulmonares extensas.

Histopatologia

  • Positivo: Confirmação da doença.
  • Negativo: Negativo ou lesões são perdidas se a amostra errada for testada ou testada muito tempo após a infecção.

IHC

  • Positivo: O vírus está presente no local da lesão.
  • Negativo: Negativo ou o vírus não é detectado se o teste for feito muito tempo após a infecção ou a concentração do vírus for muito baixa (está presente apenas por um curto período de tempo).

Isolamento do vírus

  • Positivo: Confirmação da doença.
  • Negativo: O vírus não é detectado se testado muito tempo após a infecção ou simplesmente não pode crescer devido a outra contaminação ou manuseio incorreto (presente, mas muito difícil de cultivar).

PCR

  • Positivo: Confirmação da doença.
  • Negativo: Negativo, o vírus não é detectado se o teste for realizado muito tempo após a infecção ou devido à seleção ou manuseio incorreto da amostra.
  • Inconclusiva: Muito pouco vírus presente ou coinfecção com mais de um subtipo.

Sequenciamento genético

  • Permite identificar o subtipo e o clado do vírus.
  • Permite ajustar a cepa vacinal para melhor proteção.

ELISA

  • Positivo: Anticorpos maternos ou exposição prévia (> 2 semanas) à vacina ou vírus de campo.
  • Negativo:
    • Negativo para vacina ou vírus de campo.
    • Infecção muito recente para ser detectada (10-14 dias para soroconversão).
    • Incompatibilidade entre teste e vírus (subtipo ou clado).

HI

  • Positivo: Anticorpos maternos ou exposição prévia (> 2 semanas) à vacina ou vírus de campo.
  • Negativo:
    • Negativo para vacina ou vírus de campo.
    • Infecção muito recente para ser detectada (10-14 dias para soroconversão).
    • Incompatibilidade (subtipo ou clado) entre o vírus utilizado no teste e o vírus que infecta o suíno.

Casos clínicos:

Suínos de terminação com espirros e sinais respiratórios (agudos ou crônicos):

  • Coletar 2-4 amostras de fluido oral do grupo e analisar por PCR.
  • Coletar 12 amostras de swabs nasais de suínos infetados com sinais clínicos (têm secreção nasal clara), fazer 3 pools de 4 amostras cada e analisar por PCR.
  • Sequenciar uma amostra de PCR positiva para determinar melhor o cluster/clado.

Determinação do tempo de exposição e possível necessidade de vacinação:

  • Coletar amostras de 10 a 15 suínos. Duas abordagens para a coleta:
    • Transversal – coleta de diferentes faixas etárias ao mesmo tempo (obtém resultados mais rapidamente).
    • Longitudinal – coleta dos mesmos suínos ao longo do tempo (são obtidos resultados mais precisos).
  • Análise de amostras de soro por ELISA.
  • Coletar 2-4 amostras de fluido oral do grupo e analisar por PCR.
  • Sequenciar uma amostra positiva de PCR de cada faixa etária para determinar melhor o cluster/clado.

Consulte o ''guia de enfermidades'' para mais informações

Influenza SuínaA influenza suína é uma doença respiratória de grande importância devido à sua rápida transmissão e potencial zoonótico.

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