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Evolução da suinocultura na América Latina entre 2010 e 2020

Os números históricos de produção e desempenho de mercado dos principais países produtores de carne suína da América Latina mostraram crescimento consistente na última década.

Considerando Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Equador, Costa Rica, Paraguai e Panamá como os principais países produtores de suínos da América Latina, foi realizada uma análise do cenário econômico da suinocultura nos últimos anos.

Gráfico 1. Produção total, importação e exportação de carne suína em milhares de toneladas dos principais produtores da América Latina para o período de 2010 a 2020 e aumento em %.
Gráfico 1. Produção total, importação e exportação de carne suína em milhares de toneladas dos principais produtores da América Latina para o período de 2010 a 2020 e aumento em %.

Produção

Tabela 1. Principais países produtores de carne suína da América Latina entre 2010 e 2020.

Produção (milhares de t) 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Brasil 3.078 3.370 3.150 3.117 3.193 3.431 3.711 3.825 3.951 4.124 4.130
México 1.175 1.202 1.239 1.284 1.290 1.323 1.376 1.440 1.501 1.447 1.649
Argentina 279 301 331 416 442 484 522 567 621 610 655
Chile 498 528 584 550 520 524 508 496 534 530 574
Colômbia 195 226 243 265 289 320 357 371 410 447 469
Perú 155 157 163 170 181 191 199 210 220 231 270
Equador 95 105 115 120 126 138 150 161 150 187 190
Costa Rica 44 46 48 48 51 53 62 63 67 68 74
Paraguai 18 21 23 27 29 36 43 45 55 58 64
Panamá 30 32 37 37 37 39 42 48 53 48 49
Total 5.567 5.988 5.933 6.033 6.157 6.538 6.971 7.227 7.561 7.750 8.124

É uma grande surpresa que o país que apresentou o maior crescimento na última década foi o Paraguai, com 262%, seguido da Colômbia, com 141%, e da Argentina, com 135%. Em contraste, o Chile cresceu apenas 15,2% no mesmo período.

Da mesma forma, de acordo com os cálculos obtidos a partir da taxa composta de crescimento anual (CAGR), que apresentam resultados suavizados, reduzindo o efeito da volatilidade do mercado, os números de crescimento apresentam ordem semelhante (gráfico 2).

Gráfico 2. Taxa composta de crescimento anual (CAGR) da produção dos principais países produtores de carne suína da América Latina no período de 2010 a 2020.
Gráfico 2. Taxa composta de crescimento anual (CAGR) da produção dos principais países produtores de carne suína da América Latina no período de 2010 a 2020.

Agora, considerando que os países analisados ​​representam cerca de 90% da produção latino-americana, pode-se dizer que a região apresentou uma evolução positiva, passando de 5.566.748 t em 2010 para 8.124.453 t em 2020, com uma taxa de crescimento consolidado de 44,9% e um CAGR total de 3,5% (gráficos 1 e 3).

Importações

Tabela 2.Importação de carne suína dos principais países produtores da América Latina entre 2010 e 2020.

Importações
(milhares de t)
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Brasil - - - - - - - - 16 18 15
México 498 416 516 574 601 723 755 803 875 1.140 1.095
Argentina 48 55 31 17 9 12 28 39 45 33 22
Chile 12 14 19 38 34 34 54 90 74 99 104
Colômbia 23 28 37 57 64 56 58 81 106 115 76
Perú - - 4 5 6 8 8 9 9 8 8
Equador 14 15 15 13 10 7 3 4 4 - -
Costa Rica 5 3 4 5 5 7 9 13 11 12 9
Paraguai 1 1 2 2 2 2 2 3 3 4 5
Panamá - - - - 7 9 19 16 20 25 23
Total 601 533 627 710 737 859 935 1.058 1.163 1.453 1.356

O principal importador de carne suína da América Latina é o México com uma taxa de crescimento de 120% entre 2010 e 2020. Isso se deve ao fato desse país se dedicar à exportação, e seu consumo per capita de carne suína é o maior da região , chegando a 19 kg, por isso deve recorrer à carne suína importada para suprir sua demanda interna. Em seguida, vêm o Chile, com alta de 756%, e a Colômbia, com 237%.

É importante destacar que, apesar dos números, países que têm volumes de importação bem menores, como Paraguai e Panamá, têm apresentado crescimento significativo nesta área nos últimos anos, importando volumes 414% e 224% maiores no ano para o qual os relatórios foram obtidos. Pelo contrário, o Equador tem apresentado uma diminuição significativa nas importações, com o que se pode inferir que grande parte do consumo interno de carne suína neste país é abastecido graças ao comportamento da produção nacional. Caso semelhante ocorre na Argentina que, apesar de ter sofrido variações interanuais significativas no período, reduziu suas importações em 53% desde 2010.

Por outro lado, todos os países incluídos, com exceção do Chile e do Panamá, apresentaram uma diminuição na quantidade de carne suína importada em 2020, o que tem sido regularmente associado à crise sanitária provocada pela COVID 19.

O Brasil é um caso particular quando se trata de importação. Por ser um grande produtor, tem a possibilidade não só de ser autossuficiente, mas também de exportar grande parte de sua produção, por isso vem reduzindo seu nível de importação nos últimos 3 anos.

Vale destacar que para a América Latina o aumento das importações a uma taxa muito superior até mesmo à produção (125%), passando de 600.739 para 1.356.453 t entre 2010 e 2020, com um CAGR consolidado de 7,7% para a região (gráficos 1 e 3), indica que boa parte do consumo interno está sendo abastecido por outros países, principalmente em países como México e Colômbia, Costa Rica e Panamá.

Exportações

Tabela 3.Exportações de carne suína dos principais países produtores da América Latina entre 2010 e 2020.

Export. t

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Brasil 540.000 516.000 581.477 517.000 505.000 555.000 672.762 656.145 634.000 734.000 1.021.000
México 58.082 63.298 71.288 84.163 89.374 97.059> 104.978 124.464 131.264 185.085 276.050
Argentina 3.903 5.377 6.968 6.430 7.568 8.316 11.904 14.635 23.228 25.575 41.271
Chile 93.671 100.888 132.466 120.310 121.783 133.727 130.022 127.470 193.342 220.284 283.454
Colômbia 18 7 10 15 28 1 6 4 1.674 24 100
Costa Rica 483 231 509 133 329 501 298 107 63 360 226
Paraguai 26 56 1.065 2.325 2.351 2.969 3.149 3.399 5.204 4.739 5.462
Total 696.184 685.857 793.783 730.377 726.433 797.573 923.119 926.224 988.775 1.170.067 1.627.563

Nem todos os países latino-americanos são exportadores de carne suína. De qualquer forma, 2020 foi um ano atípico, que impulsionou o crescimento e o desenvolvimento exportador de vários países da região. O melhor exemplo disso é o Brasil, que atingiu 1.021.000 t em 2020 devido à alta demanda por carne suína da Ásia após o surto de PSA na China e em outros países deste continente. Entre os principais destinos das exportações do país em questão estão Ásia (China, Hong Kong e Cingapura), América Latina (Chile, Uruguai e Argentina) e Rússia, de forma que alcançou um aumento de 89% nesta área durante a década.

No caso do Chile, as exportações atingiram 283.454 t, alcançando um crescimento de 203% no período analisado. O principal destino são os países asiáticos como China, Japão, Coréia do Sul e o mercado russo.

O México, por sua vez, é o terceiro maior exportador da América Latina para o ano de 2020, com 276.050 t e um aumento de 375%, marcando um aumento histórico de 49% nos últimos dois anos (2019 a 2020), passando a ser um dos principais exportadores para países asiáticos como Japão e, em menor escala, China e Coréia do Sul.

Outro país que mostra uma evolução interessante nesse sentido é a Argentina, com um aumento de 957% na última década, atingindo 41.271 t em 2020, posicionando-se como um importante agente dentro do grupo exportador de carne suína em nível regional. Como o México, a Argentina conseguiu aumentar significativamente suas exportações em 2019 e 2020 (61%).

Espera-se um aumento nas exportações graças aos acordos de livre comércio com os países asiáticos, que os levaram a aumentar suas exportações nos últimos meses.

Por fim, Costa Rica e Colômbia ainda exportam poucas toneladas, mas estão realizando medidas para aumentar sua participação nos próximos anos.

Assim como nos indicadores de produção e importação, a exportação de carne suína pela América Latina obteve um aumento substancial entre 2010 e 2020, passando de 696.184 t para 1.627.563 t com um crescimento de quase 134% e um CAGR de 8% (gráficos 1 e 3) . Consequentemente, a quantidade de exportações superou a de importações nesta região.

Gráfico 3. CAGR da produção, importação e exportação dos principais países produtores de carne suína da América Latina no período 2010-2020.
Gráfico 3. CAGR da produção, importação e exportação dos principais países produtores de carne suína da América Latina no período 2010-2020.

Em conclusão, o aumento da demanda de países asiáticos como China, Japão, Coréia do Sul, somado à disseminação da Peste Suína Africana em 13 países asiáticos e parte da Europa, gera uma maior demanda por proteína que está sendo abastecida em grande parte pelos países latino-americanos.

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