Este conteúdo está disponível para usuários cadastrados.
Você pode se cadastrar e fazer login gratuitamente para acessar todo o conteúdo da 3tres3.com.

X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0

Estevão Carvalho fala sobre a visão da ABPA para a proteína animal no Brasil

A 333 Brasil conversou com Estevão Carvalho, Gerente-executivo de mercados da ABPA sobre competitividade, novos mercados, e a visão da Associação para a proteína animal do Brasil. Confira!

29 Agosto 2025
X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0

O Brasil ocupa hoje uma posição de liderança mundial na produção e exportação de proteína animal. Esse protagonismo, no entanto, vem acompanhado de grandes responsabilidades e de desafios cada vez mais complexos, que vão desde questões logísticas e regulatórias até tendências globais como sustentabilidade, bem-estar animal e segurança alimentar. Nesse cenário, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) atua como elo estratégico entre o setor produtivo e os mercados internacionais, construindo pontes, antecipando riscos e ampliando oportunidades para que o país siga competitivo e confiável no comércio global.

Para entender melhor os caminhos e perspectivas desse trabalho, conversamos com Estevão Carvalho, Gerente-executivo de mercados da ABPA, que compartilha sua visão sobre os desafios atuais, as novas fronteiras de mercado e o papel do produtor brasileiro na consolidação do Brasil como um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo.

Confira!

1. A ABPA é um elo importante entre o setor produtivo e os mercados internacionais. Como você enxerga hoje os principais desafios de competitividade do Brasil no comércio global de proteína animal?

O Brasil é hoje uma potência na produção e exportação de proteína animal, mas isso não nos isenta de desafios. Entre os principais entraves de competitividade estão os custos logísticos internos, que impactam diretamente na formação de preço ao exportador, e as barreiras tarifárias e não tarifárias. Além disso, há questões estruturais como a complexidade tributária, os desafios e gargalos logísticos em ferrovias e portos e os desafios relacionados à imagem internacional, onde temos avançado com muita consistência, mas que exigem trabalho contínuo de comunicação, diplomacia e cooperação técnica. A ABPA atua justamente nesse elo, buscando antecipar riscos, promover alinhamento regulatório e ampliar o acesso a mercados, sempre com base em evidências e ciência.

2. Na sua visão, quais tendências globais (bem-estar animal, sustentabilidade, segurança alimentar) têm maior peso nas negociações atuais?

Todas essas tendências caminham juntas, mas hoje segurança alimentar e sustentabilidade estão no centro das decisões políticas e comerciais. A pandemia, os conflitos geopolíticos e os eventos climáticos extremos reforçaram o papel da cadeia da proteína como um pilar estratégico para a estabilidade social e econômica mundial. Ao mesmo tempo, há uma pressão crescente por transparência nas práticas ambientais, climáticas e sociais — e o Brasil tem muito a mostrar nesse sentido. O bem-estar animal também avança como pré-requisito em mercados mais maduros, sendo parte dos requisitos de importação. Nosso setor tem respondido a tudo isso com investimentos em rastreabilidade, gestão ambiental, biosseguridade e inovação em sistemas produtivos.

3. Quais países ou blocos econômicos você considera como novas fronteiras estratégicas para a proteína animal brasileira nos próximos anos?

Vemos grandes oportunidades em países da Ásia, como Indonésia, Vietnã, Índia, Paquistão e Bangladesh e na África, como a Nigéria, onde juntos, somam mais de2 bilhões de pessoas e onde há crescimento populacional e demanda crescente por alimentos de origem animal. Na América Latina e na África, há uma abertura cada vez maior para produtos brasileiros, especialmente em função da competitividade, da proximidade cultural e da confiança técnica já estabelecida. O México, por exemplo, é hoje um mercado prioritário que deve seguir ganhando importância. E, claro, o Sudeste Asiático e o Golfo Árabe continuam como regiões-chave para ampliação de volume e diversificação de produtos. Já os países da União Europeia seguem sendo estratégicos, mas exigem cada vez mais alinhamento regulatório e diplomacia técnica.

4. Com a sua experiência consolidada no Oriente Médio e África, quais aprendizados desses mercados podem ser aplicados para abrir ou consolidar novos destinos para carne suína e de aves do Brasil?

O principal aprendizado é que relacionamento é tudo. No Oriente Médio, por exemplo, construímos ao longo dos anos uma base de confiança sólida, que vai muito além da questão comercial. Entender a cultura local, o modelo de distribuição, os requisitos religiosos e regulatórios, e, sobretudo, ter presença ativa nos países, faz toda a diferença. O mesmo vale para a África, onde temos atuado de forma cada vez mais próxima, estabelecendo diálogos técnicos, comerciais e institucionais. Esse modelo de atuação — baseado em proximidade, cooperação e presença técnica constante — é exatamente o que estamos replicando nos novos mercados prioritários.

5. De que forma a ABPA pretende usar inteligência de mercado para antecipar riscos e oportunidades, especialmente em um cenário de volatilidade global?

A inteligência de mercado é hoje uma das áreas mais estratégicas da ABPA. Temos investido fortemente em monitoramento de políticas públicas, variações de demanda, fluxos comerciais e barreiras sanitárias, com o objetivo de antecipar movimentos e embasar nossas ações de defesa comercial e promoção internacional. A volatilidade global exige agilidade e preparo, e por isso também estamos fortalecendo o uso de dados preditivos, análises de sensibilidade e ferramentas de risco regulatório. Esse trabalho é feito em parceria com associados, governos e instituições internacionais, apoiados pelos nossos pontos avançados, com nossos escritórios na China e na União Europeia, com foco na construção de resiliência e previsibilidade para os exportadores brasileiros. Além disso, o ovo em si já é uma das opções de alimento mais sustentável e tem uma pegada hídrica baixa.

6. Qual mensagem você quer deixar para os produtores brasileiros sobre o papel do Brasil no fornecimento de proteína animal ao mundo?

Os produtores e produtoras brasileiros tem um papel absolutamente central no cenário global. São eles quem garante, com trabalho diário, a oferta segura e sustentável de alimentos para mais de 150 países. A seriedade, a dedicação e a constância do nosso setor ajudaram a construir parcerias e formam um ambiente de segurança para o importador – que sabe que pode confiar em um país como o Brasil, que produz, que tem produtos acessíveis e que cuida da biosseguridade. Temos uma das cadeias mais eficientes e tecnificadas do mundo, com destaque em biosseguridade, rastreabilidade e sustentabilidade. E isso só é possível porque há, na base, um produtor comprometido, inovador e resiliente. O mundo precisa do que o Brasil produz — e produz bem. O nosso desafio agora é continuar avançando em valor agregado, previsibilidade comercial e reputação internacional. E isso só será possível com o protagonismo de quem está no campo. O futuro da proteína animal brasileira está, literalmente, nas mãos dos nossos produtores.

Comentários ao artigo

Este espaço não é um local de consultas aos autores dos artigos, mas sim um local de discussão aberto a todos os usuários da 3tres3.
Insira um novo comentário

Para realizar comentários é necessário ser um usuário cadastrado da 3tres3 e fazer login:

Você não está inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.br

Faça seu login e inscreva-se na lista

Você não está inscrito na lista Notícias

Um boletim de notícias sobre o setor suinícola

Faça seu login e inscreva-se na lista