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Dias não produtivos ou dias ineficientes?

Propomos um indicador mais direto para analisar e ponderar os problemas reprodutivos de uma granja.

Um dos parâmetros utilizados para analisar a eficiência reprodutiva de uma granja são os dias não produtivos (DNPs). A sua definição é bem conhecida, é todo aquele dia que uma matriz não está a produzir leitões, portanto todo aquele dia que uma fêmea não está gestante ou lactante. Embora possa não ser um dos parâmetros mais comumente analisados, é muito útil, entre outras coisas, devido à sua fácil tradução em dados econômicos: basta multiplicar estes DNP pelo seu custo unitário, para sabemos o impacto econômico que temos sobre eles.

Contudo, temos certeza de que todos os dias em que uma matriz não está gestante ou lactante são DNPs? Vamos ilustrar essa questão com dois casos:

  • Intervalo de entrada-1º cio. Em muitos sistemas e programas de gestão, assumimos dias não produtivos desde o momento em que uma leitoa entra numa granja (ou a selecionamos no caso de auto-reposição) até a cobrirmos. Mas claro, o que estamos fazendo neste período é preparar bem a fêmea (estimulando e detectando o cio, controlando seu crescimento e condição corporal), até que chegue o momento e as condições ideais para poder inseminar pela primeira vez. Portanto, de forma indireta, estamos trabalhando em um processo que deveria ser obrigatório para que a leitoa produza leitões corretamente ao longo de sua vida produtiva. Portanto, devemos considerar como não produtivos apenas os dias acima da idade estabelecida como meta para a primeira inseminação.
  • Intervalo desmame-1º cio. A situação é muito semelhante, são considerados dias não produtivos a partir do dia do desmame, mas a leitoa necessita de um período mínimo de 4 dias (com algumas exceções) para desencadear todo o processo hormonal que leva à expressão do cio e ao possibilidade de ficar gestante novamente. Novamente, indiretamente a leitoa está produzindo leitões durante esses dias. A partir desse 4º dia seriam realmente dias não produtivos.

Dado que estes dois intervalos (idade alvo elevada a 1º cio e desmame - dia 4) são intervalos inevitáveis ​​e necessários para que a fêmea cumpra corretamente a sua função de produção de leitões, poderia considerar excluí-los dos DNPs. Para isso, propomos um novo conceito, que seriam dias ineficientes. Estes seriam os DNPs clássicos, mas excluindo estes dois casos, e o seu nome seria dado porque seriam os dias em que uma matriz não está a produzir leitões devido a alguma ineficiência (uma repetição, uma perda, entrada no cio mais tarde do que o esperado, uma fêmea vazia no parto, um aborto com retorno ao cio...), portanto seriam um indicador mais direto para analisar e pesar os problemas reprodutivos de uma granja.

Vamos ilustrar essa diferença com um caso específico. A seguir vamos comparar, numa granja típica, com 550 matrizes produtivas e manejo em bandas de 3 semanas, os 8 tipos de dias não produtivos (Koketsu et al, 2005) com os mesmos tipos mas de dias ineficientes, mostrando os intervalos em dias correspondentes. Tendo em conta que a idade alvo a 1º inseminação neste caso é de 240 dias, vemos como os dois intervalos são claramente reduzidos, especialmente o relativo às leitoas antes da inseminação. É claro que a idade alvo do 1º cio, no exemplo de 240 dias, deve ser atribuída individualmente por granja de acordo com a genética utilizada e o sistema de gestão de substituição. E se uma leitoa for coberta antes dessa idade alvo, mas com as condições ideais fornecidas, ela simplesmente não acumula dias não produtivos.

Tabela 1. Intervalos DNPs versus intervalos diários ineficientes (dias)

DNPs:

Intervalos (dias)
Entrada -1º cio 152,5
Entrada-saída 161,6
1ª cio - cio fértil primípara 40,8
1º cio - saída primípara 63,8
Desmame-1º cio 8,3
Desmame - saída 12,6
1º cio - cio fértil multípara 55,0
1º cio - saída multípara 73,6

Dias ineficientes:

Intervalos (dias)
240 dias -1º cio 18,0
Entrada - saída 161,6
1º cio - cio fértil primípara 40,8
1º cio - saída primípara 63,8
4 dias pós desmame - 1º cio 4,3
Desmame - saída 12,6
1º cio - cio fértil multípara 55,0
1º cio - saída multípara 73,6

Abaixo agrupamos os 8 tipos, e traduzimos estes dias em dias não produtivos e ineficientes por fêmea ano, ou seja, o número médio de dias que uma matriz na granja é não produtiva ou ineficiente no final do ano. Mostramos as médias por fêmea presente (desde que entrou na granja) e por matriz produtiva (desde a primeira inseminação).

Tabela 2- DNPs médios/fêmea/ano versus dias ineficientes/fêmea/ano (dias)

Por matriz presente Por matriz produtiva
DNPs 96,7 39,0
Dias ineficientes 43,8 32,2

A diferença é muito clara se considerarmos as matrizes presentes, lógico já que nos dias ineficientes excluímos todos os dias de entrada na granja até aos 240 dias. Mas também é importante considerando matrizes produtivas.

Desta última tabela podemos afirmar que, na granja, cada matriz fica sem produção devido a diversas ineficiências uma média de 32,2 dias por ano se considerarmos apenas as fêmeas produtivas, ou 43,8 dias se considerarmos também as leitoass que estão cobertos há mais de 240 dias ou não estão cobertos.

Em resumo, podemos afirmar que os dias ineficientes, ao excluir os dias que são teoricamente não produtivos, mas na verdade inevitáveis, e nos quais a fêmea, de forma indireta, está a produzir leitões, seriam um indicador mais preciso para avaliar o impacto das diferentes ineficiências.

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